Não tem nada que um oportunista goste mais do que uma crise de grandes proporções. Uma pandemia, então, é como um presente dos céus - ou do inferno - para esses malandros. Como as condições normais de temperatura e pressão desaparecem, dando lugar ao improviso e ao "vale tudo", os espertinhos aproveitam para jogar cascas de banana nas medidas emergenciais necessárias para aliviar o sofrimento imediato.
Na economia esse risco está muito evidente. Um governo de viés liberal precisou mudar de software de forma instantânea, dando uma guinada de 180 graus. A austeridade passou para o banco de trás e foi anunciado o maior programa de transferência de recursos da história. Nesse cenário, os ratos saem do porão e aproveitam para meter tudo que é esqueleto junto, no afã de se livrar de amarras fiscais.
O Plano Mansueto de ajuda federal aos estados foi esquartejado, e deu lugar a um projeto de mais "curto prazo", defendido pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia. Cuidado! Com fala mansa, Maia costuma defender soluções que servem não ao interesse nacional, mas sim do establishment, do centrão.
A Gazeta do Povo publicou um resumo das medidas propostas, e assustam. Eis um exemplo: "Durante estado de calamidade pública, ficam dispensados os limites e condições previstos na LRF para: contratação de operações de crédito; concessão de garantias; e recebimento de transferências voluntárias". Opa! Calma lá! Pedro Menezes, colunista desta Gazeta, comentou:
Não estamos falando só do oportunismo dos socialistas do PSOL, que querem estatizar a saúde, congelar alugueis, aproveitar a crise para impor sua agenda tosca. Estamos falando de Henrique Meirelles pregando, como Lula, a impressão de moeda!
Governadores e parlamentares querem: 1. paralisar a economia toda; 2. suspender toda responsabilidade fiscal e gastar feito louco; 3. até mesmo imprimir dinheiro. Alguém pode me explicar como, nesse cenário, são os governadores e Maia que saem como bonzinhos e o presidente como malvado?
E o perigo não é só econômico. É o autoritarismo também! Com medo, os cidadãos ficam mais dispostos a virar súditos e delegar às autoridades todo controle e poder. Sacrificam liberdades para ter a falsa sensação de segurança, não merecendo nem uma coisa nem outra, como alertava Benjamin Franklin.
“Vamos passar uns dois anos fazendo esse controle. Abre a torneira, fecha a torneira”, afirmou o governador do Rio Witzel. Dois anos?! Nem os abutres do Imperial College esperam tanto tempo de pandemia! É nessas horas que vemos o lado autoritário dos governantes. Imagina se fosse Bolsonaro...
Outra área em que surgem malandros é a da Justiça. O que tem de rato pedindo liberdade com o pretexto do corona não está no gibi. O ministro Sergio Moro alertou para o perigo:
Em suma, não faltam canalhas e irresponsáveis felizes com o ambiente de calamidade produzido pela pandemia. Encontram nesse clima a oportunidade perfeita para destruir de vez com os pilares civilizacionais. Querem terra sem lei na economia, na Justiça, e com arbítrio total nas mãos dos governadores. É temerário!
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