Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
Seguindo minha saga em defesa da liberdade de todos, inclusive dos tolos, chego aqui com uma nova reflexão. Após Bolsonaro descobrir que está com COVID, a hashtag #forçacovid, desejando a sua morte, chegou ao primeiro lugar nos trends. Quem subiu a hashtag? A turminha da “tolerância”, aquela galera que abraça árvores, solta pombas brancas na praia de Ipanema, que segura uma plaquinha escrita “fique em casa” como sinal de altruísmo e elevação moral, a galera que diz que a polícia é truculenta enquanto quebra a propriedade alheia. Sei que você está me entendendo: estou falando da patota que vomita ensinamentos morais sobre como o amor social deve ser expansivo e inclusivo, mas que vez ou outra dá aquela “fraquejada” e libera o Stálin que há em si.
Nada de anormal até então – no Brasil, infelizmente, as asquerosidades no debate político se tornaram status lacrativos a serem postados até no LinkedIn.
A novidade nesse bolo de excremento foi o texto de Hélio Schwartsman Por que torço para que Bolsonaro morra, publicado na Folha de São Paulo na última terça-feira. Pasmem: Hélio é, além de colunista, editorialista do jornal; ou seja, de certa maneira podemos considerar que a sua opinião está alinhada à opinião do jornal (?!). Não é para isso que servem os editoriais, expressar as posições políticas e morais da empresa; e não são os editorialistas que emitem suas análises como sendo as dos jornais? Bizarro.
Além disso, não há nenhuma nota no referido texto destacando que a opinião de Hélio não reflete necessariamente a opinião do veículo que publicou o texto, deixando a entender que o jornal não se importa com que a posição do articulista/editorialista se confunda com a opinião da empresa. Bizarro 2.0.
E se eu falar que na mesma terça-feira (07) em que o colunista/editorialista escreveu o texto torcendo pela “pronta morte” de Bolsonaro, a Folha de São Paulo escreveu um EDITORIAL dizendo torcer pela “pronta recuperação” de Bolsonaro. Será que foi Hélio que escreveu? Se sim, já podemos considerar um caso de esquizofrenia ética, duplo padrão, moralidade dúbia, hipocrisia… Enfim. Bizarro 3.0
Nada de novo para quem, como eu, não se importa com a diplomacia de bordel que diz em sua liturgia que não podemos falar mal de jornais e jornalistas. A Folha de São Paulo se tornou mero panfleto progressista há tempos; tal episódio não passa de mais uma lápide encravada em seu sarcófago ético.
Entretanto, defender a liberdade de expressão é o mesmo que suportar heroicamente os lixos opinativos de pessoas como Hélio Schwartsman, assim como reafirmar a liberdade de jornais publicarem aquilo que bem entendem como adequado. Ao contrário do STF e da esquerda progressista, que moldam seus discursos às situações e ocasiões, continuo a defender os antiquados ― porém robustos ― valores da liberdade. Doa a quem doer. A livre expressão deve ser vigorosamente livre, ainda que seja exercida por pessoas escravas de uma mentalidade nefasta como esse Schwartsman.
Não tenho duplo padrão moral. A asquerosidade que habita o discurso de Hélio é o mesmíssimo parasita que habitou a fala de Bolsonaro quando, por ocasião da possibilidade de impeachment de Dilma, afirmou que esperava que o mandato dela acabasse logo, nem que fosse com ela “infartada ou com câncer”. Repugnante e imoral, digno de repulsa e asco.
No entanto, apesar de ostentarem opiniões repulsivas, ainda assim defendo que Bolsonaro e Hélio tenham o direito de expô-las sem a interferência do Estado.
Por isso também julgo autoritária a intervenção do Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, que pediu para a Polícia Federal investigar o articulista da Folha por sua opinião emitida no texto mencionado. Se existe um modelo de autoritarismo contra ideias, com certeza este é um: usar a Polícia do Estado para reprimir ou acossar opiniões.
Cá entre nós, entretanto: com que moral o Judiciário vai se impor contra isso? Se a opinião de Oswaldo Eustáquio, que afirmou ser favorável à “intervenção popular no STF”, foi considerada crime passível de prisão, a opinião de Schwartsman é o quê?
Ora, seguindo a “jurisprudência” do deus Alexandre de Moaraes, que pena mereceria um opinador que diz torcer pela morte do Presidente da República? Que afirma que o seu óbito seria um avanço “filosoficamente justificável” para o país? Que sua tese mórbida deveria, inclusive, nortear a lógica dos sãos?
As possibilidades: ou o STF mantém a intervenção de André Mendonça, permitindo uma investigação de Hélio Schwartsman pela Polícia Federal por causa da opinião expressa no jornal, e dessa maneira mantém o mínimo de coerência entre os recentes juízos da Corte e as ações de Alexandre de Moraes; ou impede a volúpia autoritária de Mendonça e adapta a narrativa criada por Moraes a fim de que somente aqueles que o Alexandre de Moraes definir como “perigosos à instituição e democracia” possam ter suas liberdades agredidas.
O problema do ativismo ideológico no Judiciário é este: com qual moral o STF, agora, irá frear André e sua sanha policialesca, se um dos seus ministros está promovendo uma verdadeira eugenia pseudomoral contra apoiadores do atual governo em nome da Suprema Corte?
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