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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Empresário não trabalha?

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"O patrão não trabalha, ele contrata outros que trabalham para ele, que fica rico". Essa é a falácia mais antiga do mundo, alimentada pelo marxismo recalcado e ignorante. Parte da premissa de que o empresário não agrega valor à economia, que ele simplesmente explora o trabalhador e coleta a "mais valia".

Como muito oportunista e ignorante repete por aí essa baboseira até hoje, tentando segregar a população numa falsa "luta de classes" (a verdadeira é entre quem produz riqueza, empresário e trabalhador juntos, contra quem consome essa riqueza por meio do estado), vale rebater o absurdo disso.

Como alguns sabem, estou escrevendo uma breve autobiografia, e logo no primeiro capítulo expliquei o meu antídoto contra a fase esquerdista na juventude. Eis um trecho:

Mas o antídoto ao esquerdismo veio mais pelo contraste do que qualquer lição paterna. Meu professor de História da sétima série (tinha que ser), o Guilherme, era um marxista incurável. A escola era dura, o prestigiado Colégio Santo Agostinho, na Barra. E o Guilherme ficava lá, falando baboseira sobre luta de classes, mais valia, exploração capitalista e patrões sanguessugas. Essa bobagem toda teórica não batia com minha experiência em casa. Lembro de uma ocasião, de férias em Nova York, quando meu pai era incapaz de relaxar, ligado no noticiário do Brasil para acompanhar os planos mirabolantes dos economistas idiotas. Ele ficava tenso pois tinha quase duzentos funcionários que dependiam do sucesso do banco para sobreviver. 

O homem trabalhava pra caramba, não relaxava, quase não tinha tempo livre para brincar com os filhos, e depois aquele professor recalcado repetia que alguém como meu pai não fazia nada, não trabalhava, só explorava os trabalhadores? Um pateta que nada sabia, como eu já podia notar. E assim fui blindado do esquerdismo na juventude...

Se os marxistas lessem os austríacos saberiam melhor do papel dos empreendedores na economia. Segundo Kirzner, a função do empreendedor será justamente aproveitar as oportunidades criadas pela ignorância existente no processo do mercado. Se houvesse onisciência não haveria necessidade de empreendedores. Será a figura do empreendedor que perceberá as oportunidades existentes de lucro.

Este empreendedor não precisa ser um proprietário dos recursos para produção. Ele simplesmente saberá onde comprar os recursos por um preço que será vantajoso produzir e vender um determinado produto. Seu valor vem da descoberta dessa oportunidade existente e não explorada ainda. Em uma situação de equilíbrio de mercado não há espaço para a atividade empreendedora, neste sentido, pois não há ignorância ou falta de coordenação entre os agentes. É a ineficiência existente na realidade que permite uma realocação dos recursos por parte desses empreendedores, tornando o resultado mais eficiente.

O empreendedor fica alerta para a possibilidade de usos mais eficientes dos recursos, não apenas para as demandas e ofertas existentes, como também para mudanças nelas. Ele deve saber onde as oportunidades inexploradas estão. Na busca pelo lucro, a ação empreendedora irá reduzir a discrepância entre os preços pagos pelos agentes do mercado. Sua função é similar a de um arbitrador. O empreendedor é aquele alerta às informações que o mercado gera continuamente, fazendo ajustes que resultam da ignorância existente no mercado.

Se os marxistas conhecessem Ayn Rand, também evitariam o constrangimento de declarações estúpidas sobre o rico ter explorado o pobre trabalhador. Em seu brilhante discurso sobre o dinheiro ser a origem do mal, eis o que o herói da autora explica:

Os que alegam que o trabalho braçal apenas é que gera produção, deveriam tentar obter comida e outros bens indispensáveis sozinhos na natureza. Irão aprender que são as mentes de homens que estão por trás dos bens produzidos e da riqueza gerada no mundo. A riqueza é o produto da capacidade humana de pensar. Ela não é estática e disponível na natureza para o bel prazer da humanidade. Ela é criada, possível pelos que inventam, arriscam, pensam.

Isso não é feito à custa dos incompetentes, preguiçosos ou tolos. Não é resultado de exploração alguma. Mas sim fruto do potencial e habilidade de alguns homens. Um homem honesto é aquele que sabe que não pode consumir mais do que produz, pois precisa consumir os bens de acordo com trocas livres, oferecendo algo de valor em troca, seu esforço, sua produção. Simplificando, um produtor de calçados troca parte de sua produção pelo leite produzido pelo outro, pois cada um julga mais valioso o que está recebendo em troca. Uma troca livre necessariamente satisfaz ambas as partes envolvidas. E dinheiro não é nada mais que um meio de troca, um facilitador dos escambos, por representar um denominador comum, expressar na mesma unidade o valor que cada indivíduo atribui ao produto, cujo preço de mercado será o encontro da oferta com a demanda.

Em suma, quem afirma que o empresário rico ficou rico pois explorou o trabalho alheio ou não entende absolutamente nada de economia, ou entende e não passa de um canalha oportunista que tenta jogar uns contra os outros para tirar proveito desse sensacionalismo barato.

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