Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
O comunismo é a ideologia do controle absoluto, para formar uma nova sociedade, totalmente submissa a uma pequena casta intelectual. Para sua implantação, é necessária a destruição das bases de nossa civilização: igreja, família e mercado.
Num primeiro momento, identificaram que a melhor forma para se instalar o comunismo era tomando violentamente o poder e controlando diretamente os meios de produção. No entanto, a barbárie e a fome que caracterizaram seus regimes repercutiram muito mal nos países livres do ocidente, dando argumento para os governos se protegerem de revoluções. Diante disso, os comunistas entenderam que precisavam mudar de estratégia.
Decidiram, então, manter em evidência certos líderes, grupos e regimes explicitamente comunistas para que a sociedade identificasse apenas a eles como ameaças, criando, assim, condições para que outros comunistas se infiltrassem silenciosamente em todos os nichos da sociedade e do estado. A conhecida “estratégia de ocupação dos espaços”.
Enquanto governos perseguiam pequenos grupos de guerrilheiros, agentes comunistas aliciavam e instruíam militantes na cultura, na imprensa, na igreja e nesses mesmos governos.
O caso brasileiro é exemplar: já na década de 1950, havia dezenas de agentes subordinados ao serviço secreto soviético atuando no país, nenhum deles ligado a qualquer movimento ou partido de esquerda. O objetivo era disseminar o antiamericanismo e provocar convulsão social de tamanha grandeza que abrisse o poder para alguém influenciado por Moscou (mais uma vez, recomendo o livro 1964, o elo perdido, de Mauro Kraesnki e Vladimir Petrilak, e Do Comunismo, de Vladimir Tismaneanu).
Isso fez com que, por décadas, ideias comunistas fossem sutilmente implantadas na sociedade brasileira, sendo repassadas de geração em geração sob o manto da invisibilidade. Assim, foram formados professores, jornalistas, políticos, padres, ativistas disso e daquilo… Poucos deles com crachá de comunista pendurado no pescoço.
Em 1984, acabou a ditadura militar no Brasil. Apenas 4 anos depois, o Congresso promulgava a atual Constituição, fundamentalmente uma carta socialista, em que cabe ao estado suprir todas as necessidades humanas.
Como isso foi possível num Congresso em que a esquerda era uma pequena minoria?
Com o fim da União Soviética, a ocupação dos espaços ficou muito mais fácil porque, do ponto de vista popular, a ameaça comunista acabava ali. Porém, vinte anos depois, comunistas chegavam ao poder em quase toda a América Latina.
Depois de décadas de infiltração, foi construída uma sociedade que admite o culto a líderes comunistas em universidades, na grande imprensa e nas casas legislativas; que tolera coisas como MST, MTST, CUT, UNE, PSOL, PT e PCdoB; que aceita todo tipo de insulto à religião professada pela grande maioria da população.
Partidos de esquerda continuam sem maioria no Congresso, porém, com cada vez mais frequência surgem leis e decisões judiciais que enfraquecem a autonomia do indivíduo e concentram ainda mais poder no estado, legitimando todo tipo de intervenção na vida privada.
Ninguém é comunista, mas parte significativa da sociedade vê com simpatia líderes comunistas, sempre tem elogios a ditaduras comunistas, apoia movimentos comunistas e vota em políticos e partidos comunistas.
O sentimento antiamericano. A visão classista do mundo. O ideal de igualdade social. A vilanização dos empresários. O lucro e a riqueza apontados como geradores de miséria. O governo promovendo a justiça social. Leis e regulações sobre tudo. Impostos e mais impostos. O estado cuidando da educação, da segurança, da saúde e da aposentadoria das pessoas; e ainda controlando os preços de diversos serviços privados.
Todos esses princípios comunistas já estão fixados na mente da maioria da população não apenas do Brasil, mas na maior parte do ocidente. Tornou-se comum um cidadão defender inconscientemente pelo menos meia dúzia de ideias comunistas.
A ocupação dos espaços envolveu também o controle de organizações internacionais, com os comunistas se apropriando de demandas importantes para promover prioritariamente seus interesses. IPCC, ONU, UNESCO, UE e… finalmente, OMS. Chegamos à pandemia!
Para não me alongar muito neste texto, ignorarei a afirmação de Luc Montagnier (descobridor o vírus HIV e Prêmio Nobel de medicina de 2008) de que o covid-19 foi criado em laboratório. Ignorarei também o esforço de ocultação de informações sobre a epidemia pela China e pela OMS (dirigida por um comunista), e os estudos que afirmaram que as previsões do Imperial College (que espalharam o pânico no mundo) foram formuladas com “viés tendencioso” (links no final do texto).
Façamos de conta que a pandemia é apenas um capricho da natureza.
Pergunto: como foi possível que países cristãos, democráticos e capitalistas tenham aceito a sugestão da OMS de que a epidemia deveria ser combatida com o modelo que estava sendo adotado pela China? Por qual razão o procedimento adotado por uma ditadura comunista conhecida pela violação dos direitos civis e pelo controle absoluto da informação valeu mais do que os procedimentos que já estavam sendo adotados no Japão, na Coreia do Sul e em Taiwan?
Respondo: porque, depois de décadas de aparelhamento, a imprensa europeia prioriza sempre seus interesses ideológicos; para não deixar que a China fosse responsabilizada pela disseminação da epidemia, teriam que apresentá-la como exemplo de combate à doença. Foi o que fizeram. No campo político, alinhar-se à China está sendo cada vez mais proveitoso.
Dessa forma, foi desencadeada a maior sequência de absurdos governamentais desde a 2° Guerra Mundial. Um país foi copiando o erro do outro. O povo, depois de meio século de doutrinação comunista, aceitou passivamente tudo o que foi imposto pelos governos. No Brasil, aconteceu a mesma coisa.
Logo que Jair Bolsonaro questionou o modelo de quarentena que a imprensa começava a martelar na cabeça das pessoas, o STF tratou de determinar que caberia a estados e municípios arbitrar sobre o caso. Políticos aproveitaram muito bem a situação. Suspenderam o pagamento de dívidas, pediram mais dinheiro à União, passaram a fazer discursos diários e, sobretudo, forçaram a aprovação de medidas de controle social e econômico. Assim como na Europa, o povo aceitou tudo sem questionar.
Oitenta e oito anos atrás, os paulistas pegavam em armas para lutar contra a ditadura de Getúlio Vargas. Hoje, eles se encontram quietos em suas casas, aguardando as ordens de João Dória.
Em poucas semanas, a quarentena parou a maior parte da economia, empurrando mais de 50 milhões de brasileiros para o colo do estado. Voucher para uns. Crédito para outros. Milhões de famílias que perderam as condições de pagar colégios e planos de saúde privados terão que se submeter aos sistemas estatais.
Dentro de suas casas, as famílias estão a ponto de explodir devido ao estresse econômico e psicológico provocado pela quarentena.
Há seis semanas, todas as igrejas se encontram fechadas por ordem judicial.
O funcionalismo público – ou seja, o trabalho para o estado – mostrou-se ainda mais claramente como uma casta de privilegiados, imune a crises econômicas, portanto, alvo das ambições profissionais da maioria da população brasileira.
Ao aceitar pacificamente a supressão de alguns de seus direitos fundamentais, a população revela o sucesso de décadas de doutrinação silenciosa. Tanto que a esquerda liderada pelo PT não precisa mais fazer muita coisa – a mentalidade comunista instalada na sociedade, na política e nas instituições se manifesta naturalmente.
Na atual situação, termos Jair Bolsonaro como Presidente da República e nomes como João Dória e Wilson Witzel governando os estados mais atingidos pela epidemia beneficia tão somente a esquerda. O descontentamento de alguma parte da população será contra governos de “direita” e a ampliação do poder do estado sobre a população beneficiará a esquerda porque, em algum momento, ela voltará ao poder.
Se estivéssemos sob um governo petista, por exemplo, a sociedade teria suspeitado – com razão – logo no começo que havia alguma coisa por trás. Liberais, conservadores e imprensa livre denunciariam a quarentena como estratégia da esquerda para violar liberdades fundamentais, visando ao controle da sociedade e do mercado de forma mais direta, abrindo precedente para mais violações; mas, como Dória e Witzel não são vistos como comunistas – e realmente não são –, ninguém deve se preocupar. O PT saiu do poder. Ufa! Que sorte!
Os comunistas costumam justificar o fracasso de seus regimes dizendo que “o povo não estava preparado”. Agora, parece que o povo está. Morrem muito mais pessoas de covid-19 nos países que adotaram a quarentena do que nos países que a rejeitaram. A despeito disso, a maior parte da população continua crendo que a quarentena salva vidas, continua aceitando pacificamente todas as arbitrariedade que lhes são impostas. Em algum futuro próximo, poderão concluir que “houve uma interpretação errada do comunismo, ele dá certo sim… Veja a China! Precisamos tentar”.
Tenham certeza de que os comunistas estão com seus cadernos vermelhos abertos, anotando tudo o que está acontecendo, cientes desde já de que esta é a forma mais eficiente de destruição dos direitos individuais e da liberdade econômica, princípios que sustentam a família e a igreja.
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