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Rodrigo Constantino

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EUA

Escolha de Vance é confiança plena de Trump na vitória

J.D. Vance, de 39 anos, é senador pelo estado de Ohio: após fazer críticas a Trump, se aproximou do ex-presidente republicano (Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS)

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Dois dias após sofrer um atentado que só não tirou sua vida por poucos milímetros e um milagre divino, Donald Trump apareceu na convenção do Partido Republicano com curativo na orelha para ser consagrado o candidato oficial nesta eleição. No mesmo dia, ele anunciou J.D. Vance como seu vice na chapa. O jovem senador de Ohio foi recebido com entusiasmo pela base do MAGA, o movimento trumpista no partido.

Vance ficou nacionalmente conhecido por sua memória que virou best-seller e filme na Netflix, Hillybilly Elegy, que retrata a desesperança de uma classe média baixa presa na rotina sem muitas expectativas e com inúmeros problemas familiares, como o uso de drogas e agressões físicas.

É uma chapa MAGA turbinada, de quem deseja real mudança na política americana. E por ser tão jovem, Vance poderá se colocar como liderança republicana por muito tempo ainda

Só vi o filme nesta segunda, e é muito tocante e inspirador. O sucesso profissional e familiar de Vance é o atestado do "American Dream". Os "especialistas" não gostaram, pois o filme não elogia o papel estatal em seu "bem-estar social". Mas o público adorou, pois mostra como a atitude individual pode fazer toda a diferença. Vance é um patriota, trabalhador, inteligente, e deu a volta por cima, atingindo grande sucesso em sua carreira por mérito próprio.

Em 2016, ele foi bem duro com Trump. Muitos do partido foram, por desconfiar de suas credenciais republicanas. Vance chegou a embarcar na narrativa de que Trump era uma espécie de Hitler americano. Logo depois, porém, ele passou a analisar as políticas do governo e endossar o presidente. Nos últimos anos, Vance era um dos mais leais apoiadores de Trump, sempre com sua postura combativa.

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Por isso, Joe Biden o definiu como um "clone de Trump". Essa vai ser a pegada dos democratas. E, de fato, a escolha de Vance não fala com os mais moderados, não busca qualquer união ou contemporização. Vance é duro contra o aborto, a imigração ilegal, é um dos maiores defensores de Israel no Senado, critica o apoio incondicional e pouco transparente do governo Biden a Zelensky na Ucrânia e não acena para a seita ambientalista.

Tampouco Ohio é um "swing State", ou seja, Trump não precisava de Vance para conquistar votos indecisos. E sua escolha, na prática, pode até afastar eventuais votos de independentes ou moderados, que não gostam de Trump, mas poderiam votar nele por repulsa ainda maior ao governo Biden. Trump, enfim, não fez sua escolha pensando em angariar mais votos. E isso diz muito sobre seu estado de espírito quanto às chances de vitória em novembro.

Trump está muito confiante nesta vitória, e pensou no pós-eleição. Provavelmente não queria mais um republicano tradicional ligado ao establishment, como Nikki Haley, que poderia traí-lo no governo. Tampouco parece disposto a fazer concessões demais ao centro para governar. Se seu lema antes era "drenar o pântano" em Washington, então Trump dobrou a aposta com a escolha de Vance.

É uma chapa MAGA turbinada, de quem deseja real mudança na política americana. E por ser tão jovem, Vance poderá se colocar como liderança republicana por muito tempo ainda. Ou seja, Trump, o "narcisista egoísta", pode ter pensado mais no futuro da nação do que na próxima eleição. Postura de estadista...

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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