Há luz no fim do túnel argentino? Talvez a esquerda não tenha conseguido aparelhar o suficiente as instituições a ponto de tornar irrelevante ter eleições, como em outros países vizinhos. Talvez falte ao kirchneerismo ministros poderosos e aliados. Mas o fato é que a turma lulista no país de los hermanos foi a maior derrotada nas primárias deste fim de semana.
O economista libertário Javier Milei, candidato presidencial pela frente “A Liberdade Avança” e o mais votado nas eleições primárias realizadas neste domingo (13) na Argentina, afirmou em discurso festivo para apoiadores após o pleito, que definiu quem vai concorrer à chefia do governo em 22 de outubro, que pretende “dar fim” ao kirchnerismo e ao que chamou de “casta” política do país.
Milei recebeu mais de 30% dos votos em termos nacionais e convocou a população a se unir a essa “verdadeira expressão de mudança” e a uma “nova revolução liberal” que visa acabar com a ala do peronismo representada pelo falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e pela atual vice-presidente e também ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).
“Para que esta seja uma festa completa, quero dizer a esse terço dos argentinos que decidiu que A Liberdade Avança será a expressão que mudará a Argentina que estamos diante do fim do modelo de castas”, bradou o candidato libertário em alusão não apenas ao peronismo, mas também à oposição “Juntos pela Mudança” (de centro-direita e que tem entre seus líderes o ex-presidente Mauricio Macri).
A Argentina vem sofrendo com uma inflação acima de 100% ao ano, e o "reformista" Macri fracassou em reverter o quadro sombrio pintado pela esquerda. Com o lulista Fernandez no poder, a coisa voltou a piorar de forma acelerada. Não obstante, em vez de apontar para a desgraça que o país mergulhou por conta da corrupção e das velhas ideias ultrapassadas da esquerda, nossa imprensa prefere chamar Milei de "extrema direita".
Para nossos jornalistas, qualquer coisa à direita dos tucanos já é ultraconservador. Milei, no fundo, é um liberal com viés libertário, alguém que defende a redução drástica do estado e seu intervencionismo, a abertura comercial, o direito do indivíduo ter contas em dólares etc. Quem é contra isso tudo quer, no fundo, manter o atual sistema podre e corrupto, em que os indivíduos, cada vez mais pobres, são subjugados pela casta política no poder.
A mídia achava que Milei estava "desidratado", que não chegaria tão forte assim, pois os jornalistas vivem numa bolha e confundem torcida com análise. Os argentinos cansaram dos esquemas corruptos da esquerda, e temem uma economia cada vez mais destruída. A reação do sistema é dobrar a aposta, falar que vai usar a polícia contra quem fizer transações em dólares no país, uma vez que a fuga para o dólar é questão de sobrevivência. A informalidade é o ar rarefeito que o povo precisa respirar pela asfixia estatal.
Milei, um economista liberal, compreende isso muito bem. Ter o diagnóstico correto não garante, claro, a execução de um plano de mudança, que depende de vários outros fatores. Mas é o primeiro passo. Com um mapa totalmente equivocado da situação, qualquer candidato mais à esquerda vai intensificar os problemas atuais. Resta saber se Milei será mesmo o próximo presidente. A única chance de reverter a tendência nefasta de agora é o país dar uma guinada à direita.
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