Amanhã é Helloween e a caça às bruxas está com tudo. Lembram daquela gravação do Joesley Batista com o então presidente Michel Temer? Pois é: tudo cheirava a armação do Rodrigo Janot, e era preciso adotar cautela naquele momento. A Globo, porém, foi com tudo para cima desse "escândalo", e o resultado é conhecido: a reforma previdenciária subiu no telhado. Hoje sabemos que Janot era um desequilibrado que pensava até em matar um ministro do STF e se matar depois. O estrago estava feito.
A decisão do veículo de comunicação não é trivial: diante de um "furo" de reportagem, envolvendo o presidente da República, publicar ou não publicar? Não foi a Globo que fez a gravação, afinal. Mas sua cobertura maciça, sem dúvida, atrapalhou o andamento das reformas. Lembrei desse caso ao ver a reportagem do Jornal Nacional desta terça sobre o caso Marielle.
Novamente: a empresa teve acesso ao relato do porteiro. O que fazer? Poderia ter sido mais cautelosa? Poderia. Mas fez uma reportagem com certa objetividade, mostrou que Bolsonaro não se encontrava em casa no momento, não fez ilação direta. Não obstante, contribuiu para acirrar o clima de guerra, virou de vez "o mensageiro" a ser abatido pelo bolsonarismo, que já chamava de "hiena" a mídia toda mesmo.
A questão é: quem vazou o depoimento do porteiro para a TV? Qual o motivo? Estão tentando boicotar o Brasil? É uma hipótese a ser levada em conta. O general Heleno alertou:
Para o general, a Globo foi "leviana" e "sensacionalista". Alguns podem achar que é exagero do general, mas até o ministro Tarcísio Gomes de Freitas embarcou nessa. O Sr. Técnica, aquele que paira acima das disputas ideológicas, que trabalha incansavelmente pelo progresso da nação, mostrou-se irritado com tudo isso também, e desabafou:
De fato, quando vemos no dia seguinte da reportagem do JN uma matéria na revista Época fornecendo o motivo para Bolsonaro querer matar Marielle, até então totalmente ausente, fica a impressão de que dobraram a aposta. Carlos Bolsonaro teve uma briga com a vereadora do PSOL. Ele foi xingado de fascista. Se Carluxo fosse matar todos que o xingaram de fascista, já teríamos um genocídio no país.
"O funcionário repetia com calma, e explicava o que havia dito, mas Carlos não ouvia", diz um trecho. Ele repetia com calma que Carlos é mesmo um fascista? E o vereador ainda ficou irritado?! Em outra passagem, a revista diz: "Segundo antigos assessores da vereadora, Carlos só entrava no elevador quando estavam assessores brancos de Marielle". Mas o que é isso?! Então o filho do presidente não entrava porque o assessor era negro, não porque fora xingado por ele?! E a fonte é o próprio PSOL? Como ele anda, então, com Helio Negão?
A mídia em geral precisa ser mais prudente, controlar seus militantes psolistas infiltrados e disfarçados de jornalistas. Esse tipo de coisa produz apenas mais instabilidade política, num momento em que precisamos avançar urgentemente com as reformas. É necessário distensionar o ambiente. A quem interessa esse cenário de guerra? Não ao Brasil. Nem mesmo à busca pela verdade, missão nobre do jornalismo. Jornalismo traz consigo responsabilidades. Quando vira campanha contra o governo, não pode reclamar depois da perda de credibilidade. O público não é bobo e percebe o jogo...
PS: Estou defendendo Bolsonaro nesse caso, e alguns perguntam se mudei de lado. Não entenderam ainda que não sigo a lógica tribal? Estou defendendo até Dudu e Carluxo! Não importa que eles mintam sobre meu passado profissional. É senso de justiça, busca pela verdade, honestidade. Eis o meu "lado". Se eles não merecem essa defesa, não importa; minha régua moral jamais será a do outro, mais baixa.
PS2: Que fique claro: condeno a postura da Globo nesse caso, apesar de entender que não é ela a origem do relato, mas não endosso de forma alguma o uso da renovação da licença como instrumento nessa guerra, como sugerem vários bolsonaristas. Isso seria inaceitável e uma afronta à liberdade de expressão, estilo chavismo com sinal trocado. Não é para governo controlar licença de TV coisa alguma, justamente para evitar tal risco, tal tentação autoritária. Quem se sentir lesado pelo trabalho da mídia deve recorrer ao devido processo judicial.
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