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O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamou de “fake news” as críticas ao novo Código Civil.
Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

A ditadura brasileira possui muitos cúmplices. Jamais teríamos chegado a este ponto de autoritarismo, censura e arbítrio apenas com a ousadia de Alexandre de Moraes. Dito isso, não resta dúvidas de que o ministro passou a representar o novo regime, tornou-se o maior símbolo deste abuso de poder. E por isso mesmo ele é o grande alvo de quem quer resgatar alguma normalidade institucional no país.

Antes de Elon Musk colocar o holofote do mundo todo voltado para o Brasil, para que todos pudessem enxergar o estado de exceção que tomou conta de nosso país, onde "a lei descumpre a lei", havia certo clima de tranquilidade por parte dos verdadeiros golpistas. Mas agora o maçarico foi ligado no cangote do sistema, e é visível o gradual isolamento de Alexandre, em que pese uma ou outra declaração protocolar de apoio pelos colegas.

Os colaboracionistas estão abandonando a ditadura como sempre fazem ao perceber que o regime está perto de colapsar.

Até a Folha de SP escreveu um editorial duro, afirmando que a censura alexandrina precisa parar. O Estadão também subiu o tom e comparou Alexandre com a Rainha de Copas. Falta O Globo, o mais agarrado às saias do sistema, mas mesmo lá um ou outro colunista ensaia uma subida de tom contra os abusos supremos.

A Gazeta do Povo tem sido a grande exceção na imprensa, por sua postura firme e coerente contra tais abusos desde sempre. Em sua coluna de hoje, o jornalista Carlos Alberto Di Franco escreveu: "O ativismo intenso de um ministro do STF, respaldado pelo silêncio cúmplice ou pela omissão irresponsável de seus pares, tem gerado, aqui e lá fora, a percepção de crescente comprometimento da própria democracia". E acrescentou:

Com um Congresso leniente, parte da imprensa supreendentemente silenciosa, uma sociedade amedrontada e um Judiciário politizado e fascinado com o poder, caminhamos para um sistema claramente autoritário.

A parte silenciosa da imprensa, como vimos, começa a despertar – ainda que por conveniência. A sociedade vai perdendo o medo, como vimos na Avenida Paulista outro domingo, e devemos ver novamente no Rio no próximo domingo. Do Judiciário, quase todo aparelhado, há pouca esperança, mas existe um mecanismo de freios e contrapesos previsto na Constituição: o Congresso, em particular o Senado. É a leniência do Senado, portanto, que precisa mudar o quanto antes.

O senador Rodrigo Pacheco tem sido cúmplice dos abusos supremos, mas como todo oportunista, vai proteger o arbítrio somente até quando achar útil. Se ele se der conta de que o jogo realmente virou, que a exposição por Elon Musk foi um "game changer" e que não dá mais para voltar ao que era antes, então até ele pode abandonar o barco furado.

Os colaboracionistas estão abandonando a ditadura como sempre fazem ao perceber que o regime está perto de colapsar. Talvez seja otimismo demais da minha conta, "wishful thinking", mas começo a perceber a fritura de Alexandre em praça pública. Se seus velhos cúmplices farão "Poker Face" para fingir que nunca o aplaudiram antes, isso é da vida, sempre repleta de canalhas. O relevante é analisar se os ventos estão mudando mesmo.

Quero crer que sim. A situação ficará insustentável para a ditadura, pois o Brasil caminha aceleradamente para se tornar um pária global, visto não só pelos "bolsonaristas", mas pelo planeta todo como uma ditadura comunista que persegue críticos e é aliada do Irã e da Rússia. O sistema aguenta isso por quanto tempo mais?

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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