Circularam imagens este fim de semana da festa de José Sarney. E que festança! O homem é rico, e o problema não é quanto ele gastou na comemoração de seu aniversário. Não sendo com recursos públicos, isso é um problema particular. Para a nossa análise social, porém, algumas coisas chamam a atenção.
Em primeiro lugar, a presença de inúmeras autoridades, muitas da extrema esquerda. É irônico e também revelador ver gente como o senador Randolfe Rodrigues beijando a mão de Sarney. Logo a esquerda que sempre demonizou figuras como Sarney! Flávio Dino também marcou presença, justo o comunista que desafiou o clã dos Sarney no Maranhão.
A elite estará numa boa, bebericando dos vinhos e uísques mais caros já produzidos, rindo dos otários da classe média trabalhadora.
A imagem que vem à mente é a cena final descrita em A revolução dos bichos, de George Orwell. Os porcos fizeram uma revolução "igualitária" contra os abusos do sistema, trouxeram os demais bichos para sua utopia, convenceram o cavalão Sansão, incansável na luta pela causa, e quando algumas incoerências e hipocrisias saltavam aos olhos, usaram seus cães raivosos para intimidar os críticos. Mas, no final, porcos e homens eram indistinguíveis, bebendo uísque, rindo, os porcos em pé como se homens fossem...
Outro livro que vem à mente é Os donos do poder, de Raymundo Faoro. Ali, naquela festa refinada, estava a elite política que quer empurrar a história, que toma as decisões importantes para o país. É análogo às velhas cortes, onde tudo era decidido à revelia do povo. Em nossa "democracia", só não há mesmo espaço para o povo – este estava na festa só para servir os salamaleques e vinhos caros aos comunistas e seus companheiros do centrão fisiológico.
Por fim, não fosse a ficha corrida dos personagens envolvidos e sua ideologia "progressista", poderíamos até pensar se tratar de uma festa tradicional de conservadores. Senti falta de mulheres do cabelo roxo, de algumas drag queens dançando com o aniversariante, de minorias representadas em evento com tanto esquerdista. Onde foi parar a política identitária? Na festa de Sarney ela não marcou presença alguma.
O Maranhão é um dos estados mais pobres do país. Sarney, um dos homens mais poderosos e ricos do Brasil. E os petistas que atacam parlamentares que ousam trazer dados sobre a disparidade entre Maranhão e Santa Catarina, como se isso fosse "xenofobia", estavam lá, curvando-se diante da oligarquia nordestina.
O intuito parece ser empobrecer o país todo para fazê-lo à imagem e semelhança dos estados pobres do Nordeste. Mas a elite estará numa boa, bebericando dos vinhos e uísques mais caros já produzidos, rindo dos otários da classe média trabalhadora, festejando o teatro que é a polícia nacional...
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