A cena ficou nacionalmente conhecida: "A gente vai sair daqui. Vai todo mundo embora! Foi pro Supremo! Estamos livres! Foi pro Supremo!". A euforia dos corruptos presos era contagiante. Afinal, eles sabiam que "ir para o Supremo" era sinônimo de liberdade. O sistema é bruto, companheiro, e protege os corruptos.
O Mecanismo era apenas uma série inspirada na realidade, mas, ainda assim, ficção. José Padilha foi profeta, porém. O que temos hoje é exatamente isso: a impunidade geral dos maiores corruptos do país, graças aos companheiros supremos. O Brasil não é para amadores – tampouco para idealistas, pelo visto.
Nada daquilo que foi confessado aconteceu! Foi tudo uma grande ilusão coletiva. O maior esquema de corrupção do país, quiçá do planeta, não passou de um engano.
O STF extinguiu pena de José Dirceu por corrupção passiva na Lava Jato. O ex-ministro lulista, conhecido como "Daniel" em Cuba pelos treinamentos em terrorismo, já sonha com a volta ao Congresso como deputado federal. Malu Gaspar, autora de um livro sobre a Odebrecht, trata do assunto em sua coluna de hoje.
Por falar na Odebrecht, a empresa, que se lambuzou na corrupção petista, também foi agraciada com decisão de Dias Toffoli e teve condenações anuladas. Para quem não lembra, Toffoli, ex-advogado do PT de Dirceu, era o "amigo do amigo do meu pai" segundo o próprio Marcelo Odebrecht. A empresa chegou a emitir nota oficial se desculpando por seus crimes na época. Agora já pode pedir indenização ao Estado.
O livro da jornalista, pelo visto, vai para a categoria de ficção agora. Nada daquilo que foi confessado aconteceu! Foi tudo uma grande ilusão coletiva. O maior esquema de corrupção do país, quiçá do planeta, não passou de um engano. As autoridades estão colocando ordem na bagunça, resgatando os fatos. Está tudo em casa, ninguém solta a mão de ninguém, e suspeito mesmo era só o juiz Sergio Moro.
Falando nele... Moro foi absolvido por unanimidade e escapou de ter seu mandato cassado. O sistema o transformou numa espécie de eunuco invertebrado inofensivo e, feliz com a manutenção do seu “carguinho” nobre, o senador aceita pagar o elevado preço moral elogiando o sistema e a "independência do Poder Judiciário", motivo de "orgulho". Alexandre de Moraes e Flavio Dino devem ter dado uma gargalhada...
Sei que a esperança é sempre a última que morre. Não podemos desistir de nosso país. Mas é preciso ser realista: a vida de gente decente está insuportável no país da impunidade e do jeitinho. O Brasil cansa, e muito. O crime compensa nessas sensuais terras tupiniquins. Se alguém escrever um livro baseado apenas em fatos sobre o Brasil, terá que ser classificado como surrealismo. Ninguém no mundo sério, afinal, acreditaria em uma só palavra...
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