Foice é o símbolo perfeito para certa mídia

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Um mesmo jornal de SP tinha em destaque no seu site hoje quatro chamadas sobre eleição americana. Eram elas: "Em 4 anos, Trump destrói tradições e deixa marca conservadora no Judiciário - Sob republicano, EUA encolheram no cenário global e viram manchas na reputação em temas como imigração e ambiente"; "Na véspera da eleição, Biden tem mais que o dobro da vantagem de Hillary em 2016 - democrata lidera em 10 dos 13 estados-chave e tem 90% de chance de ser eleito presidente dos EUA"; "Decisões de Trump na economia não influenciaram de modo visível melhorias de renda - crescimento foi ligeiro, embora tenha revertido tendência de aumento forte de desigualdade do segundo mandato de Obama"; "O mundo sem Trump - sua derrota ajudaria a resgatar um pouco de esperança".

Temos aí um misto de desinformação, torcida partidária, inversão e pura Fake News. O que o jornal chama de "marca conservadora", como se fosse um defeito, é simplesmente o viés mais tradicional das cortes, ou seja, os juízes apontados por Trump são juízes, não legisladores disfarçados, militantes ativistas que querem "empurrar a história". Estão ali para aplicar a lei, não para muda-las de acordo com sua visão preconcebida de mundo. Ah, se as cortes brasileiras tivessem esse "defeito"...

A economia sob Trump disparou, e não fosse a pandemia e a reação a ela, teríamos as menores taxas de desemprego das minorias em décadas! Obama, tão elogiado, deixou como legado uma economia estagnada, com baixo crescimento estrutural.

Biden pode ser o favorito, mas essa larga vantagem, como se fosse ganhar de barbada, é pura torcida, "wishful thinking" como dizem os americanos. Não aprenderam nada com 2016?

Por fim, a grande esperança "democrata" seria colocar no poder um político que é senador há meio século, com indícios de corrupção, com uma vice radical, que prega igualdade de resultados (socialismo), e um discurso de "empacotar a Suprema Corte", tudo isso para combater a enorme ameaça "fascista" do atual governo, que existe só na cabeça dessa turma?

É, esse jornal merecia mesmo uma Foice como símbolo...

Rodrigo Constantino

Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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