O bolsonarismo tem uma ala mais radical que, por entender corretamente que vivemos numa guerra cultural, acredita que pode e deve lançar mão dos mesmos métodos utilizados pelos inimigos da esquerda. São aqueles que Janaina Paschoal, quando ainda era cotada para ser vice na chapa de Jair, chamou de “petistas de sinal trocado”. São muito influentes nas redes sociais, e não poupam adversários, reais ou imaginários, de ataques duros e muitas vezes chulos ou desleais. Sei, pois já fui alvo.
Como eu, vários outros jornalistas, influenciadores liberais ou até pensadores conservadores já receberam saraivadas de ataques virtuais da turma. Alguns concluíram que essa postura representa real ameaça à democracia, que o governo Bolsonaro é em essência isso, e que reagir era preciso. Outros, com ego ferido, passaram a alimentar um profundo ódio irracional ao bolsonarismo. O ódio, porém, cega.
Com o primeiro grupo há possibilidade de diálogo, pode-se tentar argumentar que estão tomando o todo pela parte, confundindo a conduta de uma minoria mais raivosa com a de um governo que inclui inúmeros ministros bons, e que a forma virulenta não deve anular uma essência mais liberal. Já com o segundo grupo não dá mais para debater. Perderam a razão por conta da patologia, e muitos chegam a considerar o bolsonarismo pior até do que o petismo!
Esta semana vimos a Polícia Federal, sob ordem do ministro Alexandre de Moraes, bater à porta de apoiadores do governo, desde empresários até humoristas, tudo com base num inquérito ilegal do STF, e em denúncias de um deputado sem qualquer credibilidade como Alexandre Frota. Qualquer um com apreço pelas liberdades teria de denunciar com veemência esse abuso de poder. Mas não foram poucos os “liberais” que vibraram, só porque os alvos eram bolsonaristas.
Janaina Paschoal, que tem criticado sempre essa ala radical, apontou para as estranhas prioridades dessa gente: “Triste constatar que os formadores de opinião julgam mais grave um conjunto de frases idiotas de pessoas, com todo respeito, pouco inteligentes, do que os desvios de milhões nas compras fictícias de respiradores! Esses desvios sim matam!”
Estavam todos preocupados com a ameaça à democracia vindo do Executivo, e eis que foi o STF quem cruzou a linha. Não obstante, dominados pelo ódio ao bolsonarismo, a patota “radical de centro” prefere insistir nos ataques ao presidente e ao governo, poupando os verdadeiros inimigos da liberdade. Formam um “gabinete do ressentimento”, e está mais transparente do que as águas de Fiji que odeiam mais o presidente do que amam a própria liberdade. Não deveriam jamais repetir por aí que são liberais. Não são! São apenas antibolsonaristas fanáticos.
* Artigo originalmente publicado pelo ND+
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