Fato: a extrema esquerda não é democrática, não quer conversa, e com comunistas não há muito diálogo possível. Diante disso, os anticomunistas se dividem sobre como reagir. A imensa maioria de liberais e conservadores, democráticos, entendem que a estratégia é expor esse fanatismo ideológico, e tentar construir instituições mais sólidas para impedir golpes. Já a ala nacional-populista autoritária acredita que, se é uma guerra cultural e política, então vale tudo, ou seja, a única alternativa é agir como os inimigos, virar uma espécie de PT com sinal trocado.
Não por acaso a deputada Janaina Paschoal, quando se aproximou de Bolsonaro, percebeu essa postura e a condenou de imediato, alegando ser incompatível com o conservadorismo decente. Ela falou na ala que mais parece um PT do lado contrário. E ela está totalmente certa, claro. Hoje muitos já perceberam que a ala olavista do bolsonarismo representa o fanatismo, o pensamento binário e tribal que enxerga inimigos por todo lado, que não tolera uma vírgula de divergência, com típica mentalidade de seita. E Allan dos Santos é um dos representantes dessa visão de mundo. Em palestra recente, ele disse com todas as letras o que pensa sobre essa guerra em curso:
"GUERRA é guerra mesmo. Derramamento de sangue" Allan dos Santos.
— Vlog Silvano Silva (@silsil123) December 9, 2019
Estou dizendo que tem algo ficando estranho e ninguém está ouvindo.
Quando começarem os assassinatos.
Quem vai se responsabilizar por isso.
Pois claramente, a um incentivo a violência. pic.twitter.com/mU248ic9zW
Alguns chamam o jornalista de Allan dos Panos, em referência ao seu canal Terça Livre, que mais parece uma assessoria de imprensa do governo Bolsonaro. Allan não é levado a sério por quase ninguém fora da bolha ideológica, e divide com outros olavistas, como Leandro Ruschel, a idolatria do rebanho, que segue cegamente o guru de Virgínia. Eis o tom de arrogância do sujeito:
Mas é preciso levar a sério essa mensagem, até pelo que ela representa: eles perderam a vergonha de declarar abertamente o que entendem por guerra cultural: é guerra mesmo, "sangue", "confronto", não tem conversa. Saem os argumentos e entram as pedras e os paus, portanto. A "alta cultura" que os olavistas querem restaurar é, no fundo, a lei da selva, a pura barbárie, a pré-política.
Em nome do combate ao comunismo, o olavismo vem oferecer a mesma porcaria, com outro nome. E pior: faz isso em nome do bom e velho conservadorismo, o que é um ultraje, uma usurpação absurda. Conservadores de boa estirpe precisam reagir, deixar claro que gente como Allan dos Santos não fala e nunca falou em nome do legado de pensadores como Edmund Burke, Michael Oakeshott ou Roger Scruton.
Essa turma não tem nada de conservadora; são fanáticos em busca de um pretexto para dar vazão aos seus apetites ressentidos e violentos. Querem mesmo uma guerra que sirva como desculpa para seu viés autoritário. E gozam de espaço no governo Bolsonaro, o que é temerário. A ala olavista precisa ser derrotada por todos aqueles com apreço pelo legado da civilização ocidental, calcado na tolerância, na pluralidade, e no debate civilizado.
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