As bruxas estão soltas. O que esperar do mundo quando alunos adolescentes espancam e filmam uma colega apenas por ela ser mais bonita? Foi o que aconteceu, segundo o pai da vítima, numa unidade estadual em Limeira:
Alunos da Escola Estadual Castelo Branco, em Limeira (SP), gravaram com telefone celular e compartilharam na internet e pelo WatsApp (aplicativo de troca de mensagens) o vídeo da agressão da estudante de 15 anos que apanhou dentro da unidade na manhã desta quarta-feira (9). O motivo do ataque, segundo o pai, é que a adolescente é nova no colégio e bonita. O vídeo mostra duas meninas, de 14 e 15 anos, dando socos, tapas e pontapés na aluna, que foi imobilizada e derrubada no chão. Ela também teve o cabelo cortado. Há vários colegas em volta, mas ninguém separa e até incentivam a briga.
Barbárie. Não há outra palavra para descrever o ocorrido. As agressoras são bárbaras, animais sem controle, sem freio, dominadas pelo mais puro e abjeto recalque. E todos em volta são cúmplices, coniventes, covardes.
O inglês L.P. Hartley escreveu Facial Justice, comentada no excelente livro de Helmut Schoeck sobre o tema da inveja, intitulado Envy: a Theory of Social Behaviour. Na sátira, Hartley chegava a uma conclusão lógica, expressada por Schoeck em seu livro, sobre a estranha tentativa de legitimar o invejoso e sua inveja, de forma que qualquer um capaz de despertar inveja seria tratado como antissocial ou criminoso.
Em vez de o invejoso ter vergonha de sua inveja, é o invejado que deve desculpas por ser melhor. Há uma total inversão dos valores, explicada apenas por uma completa aniquilação do indivíduo em nome da igualdade coletivista. Como conclui Schoeck: “O desejo utópico por uma sociedade igualitária não pode ter surgido por qualquer outro motivo que não a incapacidade de lidar com a própria inveja”.
Os humanos passam a ser tratados como insetos gregários, e o indivíduo que ousa se destacar, como um inimigo da “sociedade”. Tal como a ave de Fernão Capelo Gaivota, que ousa desafiar seus próprios limites e testar até quanto seria capaz de voar, tornando-se assim uma “renegada” no bando. O rico, ainda que tenha criado sua riqueza de forma honesta, através de trocas voluntárias, é execrado pelos invejosos. O sucesso individual é um pecado!
A heroína da novela de Hartley chama-se Jael, uma mulher que, desde o começo, não se conforma com a visão igualitária, recusando-se a aceitar que pessoas mais bonitas ou inteligentes devessem se anular como indivíduos por causa da inveja alheia. A obra se passa no futuro, depois de uma Terceira Guerra Mundial, e as pessoas são divididas de acordo com o grau de aparência. A meta era obter uma igualdade facial, pois a material já não bastava para acabar com a inveja: alguns sempre terão algo que os outros não têm.
Havia um Ministério da Igualdade Facial, e a extirpação dos rostos tipo Alfa, os mais belos, não era suficiente, uma vez que os de tipo Beta ainda estavam em patamar superior aos Gama. Enquanto todos não tivessem a mesma aparência, não haveria “justiça”. Ninguém poderia ser um “desprivilegiado facial”. Hartley combate a utopia dos igualitários, mostrando que a equiparação financeira jamais aboliria a inveja na sociedade. Durante sua vida, demonstrou aversão a todas as formas de coerção estatal.
Como fica claro, os igualitários são apenas invejosos, recalcados que não suportam as diferenças, pois não suportam a própria inferioridade. Quando uma sociedade valoriza esse coletivismo igualitário, acaba soltando os freios dessa inveja mesquinha, liberando a fúria dos bárbaros. Alguns ainda adolescentes, como podemos ver…
Rodrigo Constantino
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