
“A corrupção é uma senhora idosa e não poupa ninguém. Pode estar em todo lugar, inclusive no setor privado”, disse a presidente Dilma, faltando com o respeito não só a todas as senhoras idosas do Brasil, como a todos os brasileiros, colocados sob suspeita. A tática de todo corrupto é misturar o joio e o trigo, repetir que todos são iguais, que ninguém é perfeito ou melhor do que ninguém. É uma tática velha e conhecida, mas não cola mais.
Claro que a corrupção não foi inventada pelo PT, não começou em 2003. E claro que ninguém é incorruptível, um santo acima de qualquer possibilidade de desvio ou “malfeito”. Mas daí a colocar todos no mesmo saco podre vai uma longa distância. Um vizinho meu pode já ter um dia deixado de devolver um troco a mais dado por engano pela vendedora. E o outro pode já ter montado uma quadrilha dentro de uma estatal. Ambos cometeram delitos, desvios éticos. Mas quem diria que são iguais?
Quando o PT insiste na tecla de que a corrupção vem de antes – o óbvio ululante – está apelando para um relativismo que ignora suas particularidades. Em primeiro lugar, o PT cresceu com a bandeira ética, alegando justamente que era diferente dos demais. Ou seja, sua traição seria maior, pois seu discurso se mostrou hipócrita, canalha, enganador, e é no mínimo curioso e irônico que sua grande linha de defesa hoje seja argumentar que é igual aos outros partidos.
Em segundo lugar, não é verdade que o PT seja “apenas” como os outros, tão corrupto quanto os demais. O PT é mais corrupto, vide a magnitude dos escândalos durante sua gestão (e não venham dizer que isso é porque hoje se investiga mais, pois é preciso respeitar minimamente a inteligência das pessoas). E pior: reage de forma diferente quanto à corrupção de seus membros, enaltecendo os marginais, recusando-se a expulsá-los do partido, muitas vezes os tratando como heróis injustiçados. O PT banalizou a corrupção, além de tê-la institucionalizado, como disse o próprio gerente da Petrobras Pedro Barusco.
A ousadia dos petistas é tanta que nem o mensalão os tornou mais cautelosos. Veio depois o petrolão, bem maior, fazendo o mensalão parecer algo da vara de pequenas causas. E mais: o tal Duque, homem de confiança do PT na estatal, indicado por José Dirceu, um dos “heróis” petistas, continuou recebendo propina mesmo depois da Operação Lava-Jato ter vindo à tona. O juiz Sergio Moro considerou “assustador” tal fato. E é mesmo!
Que país é este? A frase foi dita pelo próprio Duque quando foi preso pela primeira vez. É também o nome da nova fase da Operação Lava-Jato, e uma música conhecida de Renato Russo. De fato: que país é este, em que tanta roubalheira ocorre à luz do dia e quase ninguém é punido? Que país é este, em que a presidente pertence a um partido que protege seus corruptos? Que país é este, em que a própria presidente se “defende” acusando todos os brasileiros de potenciais corruptos?
Corrupção há em todos os países e regimes. Fato. Mas não na magnitude da nossa, não com a impunidade da nossa, não com o escárnio com o qual os próprios corruptos tratam o povo esfolado por ela como no nosso caso. A simbiose entre governo e setor privado levada ao patamar absurdo que foi levada durante o governo do PT, a mentalidade dos petistas de que seus “nobres” fins justificam quaisquer meios, a obsessão por permanecer no poder custe o que custar, mesmo que seja preciso “fazer o diabo”, esses fatores foram responsáveis pela escalada impressionante que vimos na corrupção.
Sim, ela talvez seja uma “senhora idosa”. E arrogante. E petista.
Rodrigo Constantino
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