Para salvar um mito, vale tudo. Até mesmo criar um bode expiatório para o fracasso econômico. No caso, o preferido da esquerda, o de sempre, ele mesmo, o “neoliberalismo”. Descobrimos em artigo de Fábio Zanini na Folha, que foi o “neoliberalismo” o responsável pelo péssimo legado econômico da era Mandela. Diz ele:
Com Mandela preocupado em ser um líder para inspirar o sentimento de reconciliação, a gestão da economia, nunca o foco principal de seu interesse, foi “terceirizada” para auxiliares jovens e ambiciosos.
No caso, para um grupo de neoliberais sob o comando de seu vice e eventualmente sucessor, Thabo Mbeki, um ex-comunista treinado na União Soviética e convertido ao mercado –como acontece, aliás, com frequência entre esquerdistas do Terceiro Mundo, seja na África ou na América Latina.
O legado econômico dos anos Mandela, assim, pode ser considerado o legado econômico (neoliberal) de Mbeki.
[…]
A resistência do sindicalismo brecou parte da venda de ativos públicos, mas ao longo dos cinco anos seguintes o governo se desfez do controle acionário de empresas importantes, como a Telkom (telefonia) e a South African Airways (aviação civil).
Cumprindo o receituário liberal, houve intensa abertura comercial do país, o que, segundo sindicalistas, ajudou a quebrar várias indústrias.
Eis que descobrimos que algumas tímidas privatizações feitas por um ex-comunista foram a causa do fracasso econômico na África do Sul. Se ao menos os sindicatos tivessem sido ouvidos… Se ao menos a economia tivesse permanecido mais fechada… talvez a África do Sul fosse hoje um sucesso retumbante, como o Zimbábue!
Só tem um problema: a África do Sul não é “neoliberal” nem aqui, nem na China! Está na septuagésima-quarta posição no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation. Falta império da lei, os gastos públicos são elevados, assim como os impostos, e mesmo na questão comercial, alardeada pelo autor do texto, há bastante interferência estatal.
As tarifas médias não são altas, mas o governo utiliza outros mecanismos de barreira não-tarifária, os investimentos privados não estão sujeitos a leis transparentes, e os investimentos estrangeiros sofrem restrições que impedem maior eficiência.
Em alguns aspectos, a história de Mandela se assemelha a de Gandhi, ambos reverenciados por suas lutas. O legado de Gandhi na economia foi terrível. A Índia, sob o comando de Nehru, seu herdeiro intelectual, criou um mecanismo burocrático terrível que trouxe apenas mais corrupção, e a intervenção estatal afundou o país na miséria. Nehru era adepto das ideias socialistas.
Que Mandela receba os elogios que merece. Que ele seja lembrado por suas virtudes. Mas por favor, não venham jogar o fracasso da economia sul-africana no colo do liberalismo, porque isso já é demais da conta!
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