O jornal GLOBO traz hoje uma grande reportagem sobre os “blogueiros progressistas”, aqueles bancados pelo estado que foram convidados para a entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula. Caso o leitor ainda não saiba do que se trata, é o que chamamos, cá no mundo sério, de imprensa chapa-branca.
Mas os blogueiros alegam que não existe neutralidade. Com isso, querem dizer que todos têm seu “partido”, e que o que fazem não é diferente do que faz a imprensa independente (de verbas estatais). Ou seja, ataca-se o próprio conceito de jornalismo, de imparcialidade, de neutralidade, para jogar todos no mesmo saco podre. Eis como um deles explica a coisa:
Alguns blogueiros decidiram fazer um movimento, algo legítimo no processo democrático. O encontro dos blogueiros é um espaço de muitas personalidades e pensamentos diferentes. A única coisa que, ao meu ver, une esse grupo é a discussão, a defesa da democratização da comunicação e de uma nova legislação para o setor. Esse é o grande guarda-chuva ideológico.
Movimento legítimo no processo democrático? Humm… só se for sem o financiamento estatal, cara pálida! Claro que qualquer um tem direito, em uma democracia, de criar um blog, ou um movimento de blogs, ou um jornal, ou uma revista. Mas quando tais veículos dependem básica ou exclusivamente das verbas estatais, aí a coisa muda completamente.
Mas, como podemos ver, o que os une não é um código de valores e princípios, nem mesmo uma ideologia, e sim a bandeira da “democratização da comunicação”, a verdadeira obsessão de Franklin Martins, eufemismo para censura à imprensa livre. Ou seja, indiretamente, a turma reconhece atuar como um exército de soldados do estado em busca do controle da imprensa. O que todos já sabiam, claro.
Quando o viés fica evidente, esses blogueiros “progressistas” tentam se defender com a alegação de que todos possuem uma preferência. Diz um deles:
Foi uma entrevista entre camaradas, isso é óbvio. Na verdade, fomos perscrutar a opinião do Lula sobre temas que interessam ao nosso público. Ninguém teve a intenção de ser isento. Eu digo que não existe jornalista isento, existe jornalista mentiroso.
De mentira eles entendem! Vivem dela. Quanto à afirmação de que isenção não existe, é falsa, ou incompleta. Claro que todos nós temos nossos preconceitos ideológicos e nossas preferências subjetivas. Mas partir dessa premissa para concluir que, portanto, não há diferença alguma entre as posturas, é uma enorme falácia.
Honestidade intelectual existe e é o que separa pensadores e jornalistas sérios dos partidários e chapas-brancas. Os que preservam a isenção como uma meta, ainda que sempre difícil, vão confrontar os fatos com suas teorias, vão assumir erros, vão buscar o conhecimento objetivo e vão, acima de tudo, manter a fidelidade aos princípios e valores, não a algum partido específico.
Já os “blogueiros progressistas” vão seguir apenas o dinheiro. O cão não morde a mão que o alimenta. Em uma imprensa independente, sustentada por vários consumidores e, como consequência, inúmeros anunciantes da iniciativa privada, é possível preservar essa postura crítica, honesta e fiel aos princípios. O mesmo não ocorre num blog bancado por um só anunciante: o governo.
O GLOBO tentou descobrir quanto a prefeitura de São Paulo paga pelos anúncios expostos em alguns desses blogs. Ela informou que o valor pago pelos anúncios nos blogs é uma informação comercial que não costuma ser divulgada para veículos concorrentes. Sei…
Não adianta. O pessoal chapa-branca pode tentar se enganar ou enganar seu público com o discurso de que todos são partidários, mas quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Uma prostituta também pode tentar se convencer de que todas as mulheres se “vendem” aos homens, ainda que de forma indireta num casamento. Atacam o amor verdadeiro, como se fosse um mito, pois querem nivelar todas por baixo.
É a melhor analogia para definir os blogs ligados ao governo: são como prostitutas que obedecem quem paga mais. E depois repetem que é isso que todos fazem mesmo. Não é! Há aqueles, felizmente, cuja lealdade não está com o “patrão” estado, e sim com o amor pela verdade e com os princípios éticos e morais, coisas que um “jornalista” chapa-branca jamais poderá compreender.
PS: São esses blogs “progressistas” que costumam atacar a Veja e seus blogueiros independentes, com difamação e mentiras espalhadas pelas redes sociais. É um ótimo sinal de que estamos no lado certo, não um lado partidário, mas o lado que respeita os valores éticos de uma democracia representativa e plural, abertos ao legítimo debate de ideias sem depender do mecenas estatal.
Rodrigo Constantino