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Em artigo publicado hoje no Valor Econômico, Martin Feldstein explica claramente a falha fatal do carro-chefe do governo Obama, seu projeto para a saúde pública. O professor de economia de Harvard diz:

A falha potencialmente fatal no Obamacare é justamente o componente que mais agrada a seus defensores: a possibilidade de que mesmo as pessoas com sérios problemas de saúde pré-existentes comprem um seguro saúde ao preço padrão.  

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Esse componente incentivará as pessoas saudáveis a cancelar seus planos de saúde ou permanecer sem seguro saúde até que venham a ser diagnosticadas com uma condição de saúde potencialmente cara. O fato de menos pessoas cobertas pelo programa serem pacientes saudáveis – e maior o contingente de pacientes que implicam custos elevados – irá, previsivelmente, aumentar o custo para as empresas de seguro saúde, por pessoa segurada, elevando os prêmios que elas precisariam cobrar. Com a alta dos preços dos planos de saúde, até mesmo pessoas relativamente mais saudáveis serão incentivadas a renunciar ao seguro até serem acometidas por doença graves, fazendo com que os custos médios e os prêmios de seguro subam ainda mais.  

Com isso em mente, os técnicos que formularam o Obamacare tornaram a adesão ao seguro saúde “obrigatória”. Mais especificamente, empregadores com mais de 50 funcionários serão obrigados, após 2014, a comprar uma apólice do seguro para seus empregados contratados “em regime de tempo integral”. Quem não recebe seguro de seu empregador será obrigado a comprar por conta própria e as pessoas de baixa renda terão subsídio do governo para isso. 

Mas, os empregadores poderão esquivar-se da obrigatoriedade reduzindo a semana de trabalho de um funcionário para menos de 30 horas (definidas na lei como emprego em tempo integral). Porém, mesmo no caso de empregados em tempo integral, as empresas poderão optar por pagar uma pequena multa em vez de prover o seguro saúde. Essa multa é de US$ 2 mil por empregado, muito inferior ao atual prêmio de US$ 16 mil para apólices de seguro familiar providas pelos empregadores.

Estamos diante, uma vez mais, das tais consequências não intencionais que os liberais sempre apontam nas medidas aparentemente nobres dos intervencionistas. Repletos de boas intenções, mas sem conhecer direito o funcionamento dos mercados, essas pessoas pregam medidas que produzem efeitos colaterais que desconhecem e parecem incapazes de antever.

O Obamacare vai gerar vários problemas no setor, vai aumentar o custo de várias empresas, e vai levar a essas buscas por alternativas apontadas no artigo de Feldstein. Nada disso foi antecipado por seus defensores. Ou pior: foi, e eles querem isso mesmo!

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Pois como aponta o autor, os problemas que isso vai gerar poderão pressionar os políticos a adotarem de vez o modelo europeu de saúde universal pública nos Estados Unidos. Só tem um problema: a socialização completa da saúde, o SUS, não funciona, como sabemos muito bem. É bonito na teoria, ineficaz na prática.

O que faz a esquerda diante disso? O que mais sabe fazer: monopolizar as virtudes e rotular os opositores com base em suas supostas más intenções. Logo, só quem defende o Obamacare ou mesmo o SUS se preocupa com os mais pobres e carentes, enquanto os demais são insensíveis. Assunto encerrado, debate desnecessário, e para o inferno com os resultados diametralmente opostos àqueles pregados pelos ungidos abnegados! Não é sempre assim?