Episódios recentes me levaram a refletir sobre essa mania moderna de que pessoas e partidos não tomam… partido. São da turma do nem-nem: nem de direita, nem de esquerda. Afinal, são rótulos ultrapassados. Só há um problema: invariavelmente quando vejo esse discurso e olho para além da máscara, encontro alguém… de esquerda!
Os mais cínicos diriam que é uma tática deliberada, a estratégia das tesouras: a hegemonia de esquerda deve ser preservada sempre jogando mais para a esquerda o centro. É assim que um partido social-democrata como o PSDB, claramente de esquerda, vira direita ou até “extrema-direita” no Brasil. É assim que até o PT já é “acusado” de ser de direita por muitos esquerdistas.
É possível se tratar de uma tática pensada. Funciona. Atualmente, qualquer pessoa que defenda bandeiras minimamente de direita será rotulada de “extremista”, “radical” ou algo do tipo. Encerra-se o debate antes de ele começar, expurgando dele aqueles que divergem da hegemonia esquerdista.
Um simples liberal clássico, um conservador tradicional da linha britânica, um defensor da economia de mercado e do império da lei, todos serão tachados de “direita hidrófoba” para impedir sua participação no debate político. É um esquema pérfido que serve para preservar a onipresença esquerdista no cenário ideológico e político do país.
Mas há também, entre esses que fazem isso, os covardes. Não são conscientes da tática abjeta, mas são da turma do nem-nem por pura covardia. O centrismo vende bem, pois seu defensor pode posar de moderado, de isento, de neutro, contra todos os demais, que são extremistas. É um local confortável para quem não tem convicção ou cojones.
O que me remete a uma história (piada) que ilustra bem esse tipo de gente. O sujeito era juiz de uma disputa entre duas partes. A primeira apresentou todos os seus argumentos, e o juiz disse: “Muito bom, concordo com seu ponto”. Foi a vez de a segunda parte mostrar seu lado, e o juiz afirmou: “Muito bom, concordo com seu ponto”.
No que um observador imparcial fez notar que não era possível o juiz concordar com ambas as partes, pois eram diametralmente opostas. O juiz, então, refletiu um pouco e disse: “Muito bom, concordo com seu ponto”.
Moral da história: está cheio de gente como esse “juiz” por aí, incapaz de julgar e tomar um lado após a devida reflexão e escuta dos argumentos disponíveis de todos os lados. A turma do nem-nem, da zona de conforto no centro, dos “moderados”. Resta saber se é bom ficar ao centro entre a extrema estupidez e a extrema inteligência, ou entre a extrema covardia e a extrema coragem…
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