Critiquei aqui o ponto de vista de Ednilson Xavier, presidente da Associação Nacional das Livrarias, demandando ajuda estatal ao setor. Citei a Amazon como uma das melhores amigas dos leitores, ao facilitar o acesso no mundo todo pelo mesmo preço.
Mas faltaram mais sugestões. Alguns leitores tocaram em bons pontos. Um dos depoimentos merece destaque especial. É de quem sofreu na pele com os problemas do setor, mas, ao contrário do presidente da ANL, reconhece no estado justamente parte do problema, não da solução. Diz ela:
Sou filha de livreiro: meu pai foi livreiro por 20 anos no centro do Rio, um lugar onde borbulham sebos e livrarias. Meu pai começou pequeno, com uma banquinha de livros, foi crescendo até montar sua primeira livraria. A primeira deu muito certo, tão certo que deu espaço pra ele abrir mais cinco em ótimos pontos do Rio e Niterói.
Infelizmente, meu pai quebrou e um dos grandes motivos foi a enorme carga tributária e a CLT injusta que onera demaaaais o empregador. O lucro líquido da venda de livros é muito pequeno em comparação a outros produtos, e ser honesto num país tão caro custa muito caro.
Não precisa de subsídios e nem de bolsa livreiro, basta reformar o sistema tributário e a CLT. Se isso acontecer, o governo vai criar uma solução-bandaid para os problemas que ele mesmo cria… Muito ajuda quem não atrapalha…
Exato! Os maiores obstáculos para as livrarias de nicho ou de bairros menores não são criados pelas grandes varejistas, e sim pelo próprio governo, a quem o livreiro em questão recorre em busca de ajuda e privilégios. Leis trabalhistas anacrônicas e obsoletas, carga tributária escandinava, burocracia asfixiante, logística capenga, essas são as barreiras que tornam a vida do pequeno livreiro um verdadeiro inferno.
Ednilson Xavier, portanto, erra o alvo, apesar da boa intenção. O tema leitura é sensível para mim, pois amo livros e compreendo a importância da literatura para a civilização. Mas não é com mais estado que vamos resolver os problemas. É com menos estado e mais capitalismo!
PS: O diretor do Instituto Liberal, Alexandre Borges, trouxe à tona uma lembrança interessante sobre o assunto também, para mostrar que essa mentalidade socializante e romântica da coisa já vem de longa data, disseminada por Hollywood inclusive:
Me lembrou o enredo de “You’ve Got Mail (1998)”, aquele filme água com açúcar com Tom Hanks e a Meg Ryan em que ela é a livreira de bairro, que conhece o cliente e os livros, que lê histórias infantis para as crianças, enquanto Tom Hanks é o capitalista selvagem que comete o crime de vender livros mais baratos por comprar em grande volumes e efetivamente melhorar o acesso a eles. Hollywood e sua cabeça esquerdopata estão muito bem retratadas nesse filme.
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