Recebi um ataque tão violento dos “cervejeiros” que parece até coisa coordenada. Mas, humildemente, vou reconhecer minha ignorância: não entendo de cerveja; sou bebedor de vinho.
Dito isso, entendo de liberalismo, e sofro de “estadofobia” – tenho calafrios com o excesso de regulação estatal em nossas vidas. Mesmo quando são os próprios empresários que demandam tal intervenção (vide a frase de Smith na epígrafe)!
Portanto, o primeiro ponto importante, que corrijo aqui: a medida do governo foi para desfazer um excesso de regulação existente, que dificultava a vida das cervejarias artesanais. Se assim foi, menos mal, menos mal. Quanto menos interferência estatal em nossas vidas, melhor. Quando se trata de nossos hábitos etílicos então… não faz o menor sentido o governo se meter!
Mas a essência do meu texto permanece intocada, e isso deve ser ratificado aqui: é um completo absurdo o governo meter seu bedelho até mesmo em como cervejas são produzidas! E, quanto a isso, alguns leitores se mostraram preocupantemente intervencionistas.
Alguns pensam, por exemplo, que se o governo não controlar a qualidade das cervejas, os consumidores estarão expostos a todo tipo de porcaria. Pergunto: alguém realmente acha que é um grande negócio vender porcaria? Alguém acha que é assim que se conquista uma base crescente de clientes, empurrando “água suja” como se fosse cerveja?
Um leitor, defendendo a regra oficial do governo de como fazer uma caipirinha, que condenei no artigo, questionou como seria se cada um fizesse uma de seu jeito, todo errado. Ora bolas! Vai ser intervencionista assim lá em Cuba! Se eu peço uma caipirinha e o restaurante me entrega água e limão, eu não volto! Precisa de governo para resolver esse problema???
Vou além: alguém acha que a Wal-Mart e o Carrefour vendem produtos dentro da validade, frescos e saudáveis porque existe a Anvisa? Sério mesmo? Não passa por vossas cabeças que é do interesse das empresas preservar seu principal ativo, que é sua marca, que depende de sua credibilidade?
A Heinz se envolveu em problemas com pelo de roedores agora, e saiu em campo para reverter o estrago. A marca tem grande valor, e ela depende da satisfação do cliente. Eis, portanto, o que mais me preocupa: a mentalidade autoritária de quem desconfia sempre do livre mercado e demanda intervenção estatal para controlar tudo, como se isso fosse sinônimo e garantia de boa qualidade. Que piada!
Pergunto ainda: qual a regulação estatal para a qualidade dos refrigerantes? Que burocrata cuida da garantia do sabor da Coca-Cola? Há uma regra “certa” para fazer uma Coca-Cola? Até há, mas é segredo empresarial, não tem nada a ver com o governo. Precisa de intervenção para cuidar da qualidade da Coca-Cola? Pois é…
Outro ponto: senti forte ranço nacionalista nos ataques ao texto. Muitos, pelo visto, querem um governo protegendo a cerveja nacional da “invasão” das importadas. Eis outra mentalidade abjeta, infelizmente comum no Brasil tupiniquim.
Se o Brasil tem ótimas cervejas, incluindo as artesanais, ótimo! Já bebi uma ou outra e gostei. Mas o governo não deve se meter, em hipótese alguma, nas escolhas dos consumidores, criando obstáculos artificiais para o consumo de importadas.
Mercado livre, liberdade de escolha. É isso que defendo. E alguns podem entender muito mais de cerveja do que eu, dou a mão à palmatória; mas não venham pregar intervencionismo estatal para cima de mim! Isso é coisa de bêbado…
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS