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Quando eu era moleque, gostava de tentar “consertar” aparelhos de som desmontando tudo. Curiosidade científica, talvez. Mas o fato é que parecia divertido colocar tudo abaixo e tentar reconstruir depois, do zero. Claro que não funcionava. O resultado era sempre a simples destruição.

Penso nisso quando vejo esses “revolucionários” mascarados atacando a polícia, estragando o desfile militar de 7 de setembro. São filhotes de Bakunin. Como tantos outros anarquistas e socialistas, Bakunin era da elite, teve educação refinada. Estudou em Paris e obteve seu grau de doutor em Pádua. Sua mulher também era de importante família. Em tom de fanatismo religioso, exalta o futuro promissor:

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Haverá uma transformação qualitativa, uma nova maneira de viver, uma revelação que será como dádiva de vida, um novo paraíso e uma nova Terra, um mundo jovem e poderoso no qual todas as nossas atuais dissonâncias serão resolvidas, transformando-se num todo harmonioso.

Que glorioso futuro! Um mundo sem conflitos, sem dissonâncias, onde cada um forma um todo perfeito. Mas, para criar tal “paraíso”, naturalmente seria necessário destruir o mundo que temos hoje, implodir os pilares dessa sociedade carcomida, em estado de putrefação. E foi assim que Bakunin, como alguns antes e muitos depois, apresentou a receita do sucesso:

Confiemos no eterno espírito que destrói e aniquila apenas porque é a inexplorada e eternamente criativa origem de toda a vida. A ânsia de destruir é também uma ânsia criativa.

Esses delinquentes mascarados, defendidos por Caetano Veloso e companhia, querem dar vazão a esta ânsia de destruição. Querem fazer tabula rasa da sociedade, e vê-la desmoronar para reconstruírem, depois, uma linda sociedade justa em seu lugar. A estes, respondo com trechos de Edmund Burke, o pai do “conservadorismo”, que viu com argúcia ímpar o que ocorria nos anos revolucionários da França:

A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, a previsão não poderiam construir em um século.

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Não ignoro nem os erros, nem os defeitos do governo que foi deposto na França e nem a minha natureza nem a política me levam a fazer um inventário daquilo que é um objeto natural e justo de censura. […] Será verdadeiro, entretanto, que o governo da França estava em uma situação que não era possível fazer-se nenhuma reforma, a tal ponto que se tornou necessário destruir imediatamente todo o edifício e fazer tábua rasa do passado, pondo no seu lugar uma construção teórica nunca antes experimentada?

Não se curaria o mal se fosse decidido que não haveria mais nem monarcas, nem ministros de Estado, nem sacerdotes, nem intérpretes da lei, nem oficiais-generais, nem assembléias gerais. Os nomes podem ser mudados, mas a essência ficará sob uma forma ou outra. Não importa em que mãos ela esteja ou sob qual forma ela é denominada, mas haverá sempre na sociedade uma certa proporção de autoridade. Os homens sábios aplicarão seus remédios aos vícios e não aos nomes, às causas permanentes do mal e não aos organismos efêmeros por meios dos quais elas agem ou às formas passageiras que adotam.

Se chegam à conclusão de que os velhos governos estão falidos, usados e sem recursos e que não têm mais vigor para desempenhar seus desígnios, eles procuram aqueles que têm mais energia, e essa energia não virá de recursos novos, mas do desprezo pela justiça. As revoluções são favoráveis aos confiscos, e é impossível saber sob que nomes odiosos os próximos confiscos serão autorizados. 

A sabedoria não é o censor mais severo da loucura. São as loucuras rivais que fazem as mais terríveis guerras e retiram das suas vantagens as conseqüências mais cruéis todas as vezes que elas conseguem levar o vulgar sem moderação a tomar partido nas suas brigas.

O clima de anomia está se instalando de vez em nosso país. Não se respeita mais nada, nenhuma autoridade, nenhum símbolo patriótico. Há muita coisa errada, não resta a menor dúvida. E boa parte das autoridades não se dá ao respeito. Só que não vamos melhorar isso com violência, com niilismo, com depredação e “black blocs” apoiados por artistas e “intelectuais”. Muito pelo contrário.

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Precisamos resgatar certos valores, trocar os políticos corruptos e golpistas pelo voto, construir uma democracia mais sólida. Isso tudo leva tempo, demanda trabalho de base, de formiguinha. Tudo aquilo que os “revolucionários” não querem. Eles têm ânsia de destruição. Se a ordem não for restabelecida, eles terão alcançado seu objetivo. E o Brasil, em vez de se tornar um país mais livre, próspero e justo, ficará mais parecido com a Síria ou o Egito.

Que grande conquista! Cabe perguntar: será que Caetano Veloso está satisfeito com a “manifestação” dos delinqüentes mascarados?