• Carregando...
Aqueles que nunca ralaram…
| Foto:

A presidente Dilma, nessa semana mesmo, citou o grande (adjetivo que ela usou) Nelson Rodrigues. Seria o caso, então, de recomendar um aforismo de nosso genial dramaturgo: “A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem”.

Dilma não lida bem com as vaias. Fica visivelmente nervosa, constrangida, e todo seu ranço autoritário vem à tona. Foi o que aconteceu em Araguaína ao lançar, ao lado da senadora Kátia Abreu (shame on you, senadora!), um conjunto habitacional de alto padrão do programa Minha Casa Minha Vida.

Uma claque vaiou a presidente e fez acusações de corrupção. Houve protesto de moradores de outro conjunto inaugurado há dois anos e que já apresenta inúmeros problemas de estrutura. Sob as vaias, a presidente partiu para o ataque sensacionalista, e disse:

Aqueles que não dão importância às pessoas ter a casa própria é porque nasceram em berço esplêndido. Aqueles que não valorizam o cartão do Minha Vida Melhor é porque nunca tiveram de ralar, de trabalhar de sol a sol para comprar uma televisão, uma geladeira, uma cama ou um colchão.

Presidente, presidente… não tire a gente do sério dessa maneira! O fígado pode não suportar o baque. O sonho da casa própria é legítimo, claro. Mas nem todos podem comprar uma casa própria. Faz parte. Para isso existe, por exemplo, o aluguel. Muita gente vive em casas alugadas, e não há nada de errado nisso.

Eu mesmo vivi por anos em apartamento alugado, e somente agora tenho minha casa própria (na verdade, ainda falta pagar boa parte dela). E minha renda é bem acima da média nacional. Nunca me senti humilhado por não ter um imóvel no meu nome. E não seria correto obrigar outros a trabalhar para que este meu sonho fosse realizado.

O que nos leva ao cerne da questão: aqueles que realmente ralam na vida estão na classe média explorada pelo seu governo populista. Para sustentar tantas bolsas (esmolas) estatais em busca de votos, é preciso tirar o couro da classe média trabalhadora, espremida pela absurda carga tributária, e ainda tendo de pagar tudo dobrado, pois os serviços públicos são uma porcaria.

Nos Estados Unidos, a bolha imobiliária teve origem nesse populismo, quando a Casa Branca pressionou as empresas de hipoteca a estender crédito barato para a baixa renda em busca de votos. Quebrou a Fannie Mae e a Freddie Mac, e pariu a bolha do subprime, que estourou depois produzindo muito sofrimento.

O programa Minha Casa Melhor parece ter sido feito sob medida para agradar empresários do varejo, como sua amiga Luiza Trajano, que é só elogios ao desempenho econômico medíocre do país. Será que a classe média que reclama dessa transferência de renda para os ricos em nome dos pobres é “vagabunda”, presidente? Será que reclama porque não gosta de ralar?

O povo não agüenta mais ralar tanto para sustentar parasitas e políticos! Trabalhamos até maio só para pagar impostos, e nem podemos contar com saúde e educação pública de qualidade, com estradas decentes, com segurança. E ainda temos que escutar Marilena Chauí, defensora do PT, acusar a classe média de “fascista”!

Não, presidente Dilma, a classe média não chia porque não gosta de ralar. Chia porque rala demais da conta para alimentar tantas boquinhas penduradas nas tetas estatais! E por falar em não trabalhar, foi Roberto Campos, com sua sabedoria ímpar, quem definiu melhor o seu partido:

O PT é o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam.

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]