Em sua coluna de hoje na Folha, o economista Samuel Pessôa lista dez itens que considera relevantes para explicar nossa atual situação econômica, de perda de dinamismo, com elevada inflação. A produtividade simplesmente se recusa a subir no Brasil, o que impede uma taxa de crescimento maior e sustentável. Eis os dez pontos do economista:
1) mudança no regime cambial e interferência excessiva no mercado de câmbio;
2) tolerância com maiores níveis de inflação;
3) contabilidade criativa para fechar a meta fiscal;
4) controle da inflação por meio do controle direto de preços;
5) interferência excessiva sobre o setor de energia;
6) hipertrofia do BNDES;
7) fechamento da economia para o comércio internacional;
8 ) desoneração tributária setorial, tópica e inconsistente com planejamento fiscal de longo prazo;
9) profunda piora no marco regulatório do petróleo;
10) dificuldade de deslanchar as concessões na infraestrutura.
Em outras palavras, nossos problemas são made in Brazil, por políticas equivocadas do governo. Para Pessôa, há sinais de que a equipe econômica finalmente compreendeu isso:
Parece haver o entendimento por parte do governo de que esse recuo é benéfico. Nota-se maior liberdade do Banco Central em controlar a inflação, e não foi renovada a elevação da tarifa de importação de cem produtos. Também houve recuo na fixação do câmbio. Oxalá os gestores da política econômica revertam toda a lista acima!
Oxalá! Mas confesso não compartilhar com o mesmo grau de otimismo. Não enquanto a mesma equipe econômica estiver por lá. Podem, no máximo, ceder um pouco aqui, um pouco acolá, na esperança de ludibriar o mercado, uma concessão pragmática que terão de engolir convencidos de que precisam fazer isso no momento.
Mas o equívoco, estou certo, é ideológico. Eles, e isso inclui a presidente Dilma, acreditam nas besteiras que fizeram, e se incomodam com o “mercado”, que se nega a concordar com eles. Assim não dá para decolar com a produtividade…
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