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Foi divulgada hoje a Ata do Copom para a decisão unânime que elevou para 11% a taxa básica Selic na última reunião. O tom, em linhas gerais, foi mais “dovish” do que o esperado pelo mercado, ou seja, sinaliza o fim do ciclo de alta dos juros.

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No parágrafo 33, a expressão “especialmente vigilante” foi trocada por apenas “vigilante”, sem a mesma intensidade. Os mercados tentam ler nas entrelinhas e esse tipo de mensagem faz diferença. Diz a Ata: “O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária”.

Além disso, a inclusão de uma extensa explicação sobre os canais de transmissão da política monetária indicam que o BC deverá aguardar os resultados das medidas já adotadas, para que possam surtir efeito. Diz a Ata, no parágrafo 32:

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Para o Copom, considerando-se a experiência brasileira na vigência do regime de metas, infere-se que, de modo geral, as trajetórias de importantes indicadores econômicos durante o atual ciclo de ajuste da taxa Selic, bem como as perspectivas para essas trajetórias nos próximos trimestres, apresentam-se em linha com o que se poderia antecipar. Dessa forma, as informações disponíveis sugerem que os impulsos monetários introduzidos na economia desde abril de 2013 têm se propagado normalmente por intermédio dos principais canais de transmissão e que assim tendem a continuar nos próximos trimestres. Nesse sentido, como os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação são cumulativos e se manifestam com defasagens, o Comitê entende que parte significativa da resposta dos preços ao atual ciclo de aperto monetário ainda está por se materializar. Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária tendem a ser potencializados.  

Traduzindo, os membros do Copom parecem crer que já fizeram o suficiente e que agora devem aguardar novos indicadores para avaliar se o que foi feito até então é suficiente para conter a escalada inflacionária. Uma vez que a inflação está acima de 6% nos últimos 12 meses e muito perto do teto da banda oficial, e que os analistas acreditam que ela poderá até romper esse teto nos próximos meses, trata-se de uma ata bastante amena e otimista, dissonante do clima dos investidores.

Evidência disso é a taxa de DI futuro, que ainda aponta para juros acima de 12,5% à frente:

Resumindo, o Banco Central ainda se encontra “atrás da curva” do mercado, confiando em demasia na queda da inflação à frente, enquanto os investidores adotam visão maus cautelosa e pessimista – alguns diriam realista.

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Rodrigo Constantino