“Ao taxar mais fortemente as rendas maiores que as rendas menores, está-se impedindo a formação de capital e eliminando a tendência, que prevalece numa sociedade em que a formação de capital seja crescente, de aumentar a produtividade marginal da mão-de-obra e, portanto, de aumentar os salários.” (Mises)
O economista Marcelo Miterhof, do BNDES, defendeu em sua coluna da Folha o aumento de IPTU do prefeito Fernando Haddad. Seu argumento é fruto da velha visão socialista de que os “ricos” devem sustentar os pobres, resumida no slogan marxista: “de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade”.
Claro que, com o tempo, ninguém mais pode nada e todos necessitam de tudo em uma sociedade dessas. Mas os esquerdistas insistem na retórica de riqueza como um jogo de soma zero, onde o estado deve tirar dos que ganham mais e distribuir aos que ganham menos – sempre deixando um gordo pedágio aos ungidos políticos e tecnocratas que administram tanta transferência.
Miterhof parece sofrer de estatolatria e adorar impostos altos (como funcionário público, ele é um consumidor de impostos). Quando é de seu interesse, compara os dados com os países desenvolvidos:
A arrecadação do IPTU no Brasil foi de 0,44% do PIB. Em países como EUA, Reino Unido e Austrália, esse valor fica entre 2% e 3%. Quer dizer, há espaço para elevar substancialmente a cobrança, até gradualmente quintuplicá-la.
Puxa vida! Vamos comparar o restante também? A carga tributária total americana é menor do que a nossa, mesmo com o “império estadunidense” tendo que bancar a polícia mundial. Miterhof quer quintuplicar o IPTU, mas pretende cortar todos os demais impostos, por acaso? Pretende adotar todas as demais liberdades econômicas desses países citados, bem mais liberais que o Brasil? Pretende abolir o BNDES, inexistente nesses países? Foi o que pensei…
Aqui o economista deixa transparecer todo o seu ranço socialista:
A progressividade é importante porque a concentração de riqueza é por natureza maior do que a de renda, pois quem ganha pouco não consegue poupar. Assim, os proprietários das regiões mais valorizadas devem financiar as melhorias urbanas nas regiões mais pobres.
Os mais ricos já pagam muito mais impostos, naturalmente. O discurso de que rico não paga imposto não passa de um mito de esquerda. Paga sim, e muito! E ainda paga tudo dobrado, pois coloca os filhos em escola particular, tem plano de saúde privado, paga segurança no condomínio onde mora, tudo porque seus pesados impostos vão a fundo perdido.
Muitas vezes os proprietários de imóveis não têm liquidez, ou seja, renda elevada. Podem ser herdeiros, ou podem ter comprado o imóvel quando ele era menos valorizado. Miterhof, insensível a isso, acha que a prefeitura deve invadir o bolso dessas pessoas e cobrar cada vez mais impostos, mesmo que não tenham necessariamente condição de pagar. Que vendam seus imóveis! Tudo em nome da “igualdade”, claro. O autor conclui:
A alternativa é aumentar a taxação sobre a renda e a propriedade, como é o caso do IPTU. Não tem jeito: para tornar possível a racionalização tributária, quem ganha mais precisa pagar mais impostos!
Taxação pesada sobre renda e propriedade, em vez de consumo, como quer o economista, é o caminho mais seguro rumo à miséria da sociedade. Afinal, cria incentivos perversos a quem efetivamente produz riqueza. Mas a mentalidade de Miterhof não é essa. Ele pensa que riqueza é bolo fixo, ou dá em árvore.
Deve ser a influência de trabalhar no BNDES, que sai distribuindo bilhões subsidiados para grandes empresários (ah, a igualdade!), tudo criado do nada, recurso sem lastro, repassado pelo governo federal em malabarismos contábeis.
O título do artigo é “Aumentem meu IPTU!”. Estou de acordo com isso. Aumentem o IPTU de Marcelo Miterhof! Aumentem o IPTU de todos os petistas! Mas deixem os demais fora disso, porque punir quem cria riqueza jamais foi uma forma inteligente de combater a miséria.