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O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, não dá bola para os críticos e afirma sem rodeios: o banco é, sim, um braço do governo na aplicação da política econômica. “Eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Quer dizer: ele tem um papel de governo, de fato.”

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Bendine sabe que muitos enxergam o risco de que o banco seja administrado de acordo com as conveniências do governo. Nos anos 90, o uso político quase quebrou o BB. Ele mesmo assumiu a instituição em 2009, na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor, Antonio Francisco de Lima Neto, não seguiu a cartilha do Planalto e foi ejetado do cargo.

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Responsável por 21% dos empréstimos e financiamentos concedidos no País, o banco é o líder brasileiro em crédito. Segundo Bendine, o plano é emprestar cada vez mais, novamente na contramão dos bancos privados, que pisaram no freio. O movimento é seguro, diz ele, tanto que a taxa de inadimplência do banco hoje é metade da média do sistema financeiro. “Acho que a gente é mais otimista e sabe ler melhor os cenários. Parte dos bancos privados recuou além do que deveria.”

O presidente deu entrevista exclusiva ao Estadão, e defendeu essa postura. É aí que mora o perigo! Quando burocratas e tecnocratas se arrogam sabedoria acima do mercado, pensar ser capazes de antever melhor que os demais o cenário à frente. Essa arrogância costuma ser fatal. Bendine se justifica:

Até pela sua história, o banco tem de ter um papel de agente de desenvolvimento da sociedade, senão ele perde um pouco da razão de ser. E, se for só um banco comercial, é melhor que seja privatizado e atue como tal. 

Pois é, só tem um detalhe: esse papel de “agente de desenvolvimento da sociedade” levou o banco à falência algumas vezes no passado, necessitando de injeção de mais capital do governo, ou seja, dos nossos recursos via impostos. A história vai se repetir? Parece que sim. Tem quem nunca aprenda com ela.

O presidente está certo em uma só coisa: o BB perde a razão de ser caso não exerça esse papel de governo. E como ele desempenha de forma tão irresponsável esse papel, “é melhor que seja privatizado e atue como tal”. Privatize Já!

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