Há alguma coisa estrutural que não esteja piorando, e muito, com o governo Dilma? Foi a questão que me veio à mente ao ler a notícia de que o país caiu no ranking global de acesso à tecnologia:
O Brasil caiu para 69º — nove posições abaixo do resultado de 2013 — num ranking global de 148 países, que mede a capacidade de uma nação usar a tecnologia da informação para estimular a competitividade e o bem-estar. O dado consta do Relatório Global sobre Tecnologia da Informação 2014, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a escola de negócios Insead, e divulgado ontem.
No topo do ranking estão Finlândia, Cingapura, Suécia, Holanda, Noruega e Suíça. Entre os dez primeiros, Estados Unidos (7º), Hong Kong (8º) e Coreia do Sul (10º) avançaram. Já o Reino Unido (9º) caiu.
Se a leitura tiver como foco a América Latina, o Chile é o país mais bem colocado, em 35º lugar, apesar de ter perdido uma posição na comparação com 2013. Antes do Brasil, vêm ainda Porto Rico (41º), Panamá (43º), Costa Rica (53º) e Colômbia (63º). Entre os Brics, a Rússia (50ª) tem o melhor desempenho. A China vem na 62ª posição; a Índia, na 83ª.
Mas não lamentemos! Afinal, o Marco Civil da Internet foi aprovado pelo Senado, e temos a Telebras (sim, ela ainda existe) dando prejuízo de R$ 150 milhões em um só ano para garantir uma rede de banda larga fantástica para o país todo… só que não!
Diz a reportagem:
O cálculo do índice que compõe o ranking leva em conta uma série de fatores ligados ao uso de TI, como custo de acesso; uso por governos, empresas e pessoas; ambiente de negócios e inovação; cenário político, impactos econômicos e sociais. Há resultados que pesam na posição do Brasil no ranking geral. O número de dias necessários para abrir um negócio, por exemplo, chega a 108, contra 19 no Chile ou 22 em México, Panamá e Porto Rico.
O estudo mostra que o aporte em tecnologia de informação, sozinho, não basta para garantir competitividade aos países. Para chegar lá, o caminho é investir ao mesmo tempo em inovação, empreendedorismo e infra-estrutura.
Sim, o caminho é esse, desde que o governo saia da frente e pare de criar tantos obstáculos. Afinal, quem deve investir em inovação são justamente os empreendedores, e quanto mais livre for o ambiente para o empreendedorismo, melhor.
O governo Dilma, desnecessário dizer, representa o extremo oposto: a mentalidade de que cabe ao estado ser a grande locomotiva do progresso tecnológico. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, era o mesmo que na década de 1980 defendia a Lei da Informática, criando reserva de mercado para os produtores nacionais e jogando o país na era jurássica da tecnologia.
Volto à pergunta inicial: Há alguma coisa estrutural que não esteja piorando, e muito, com o governo Dilma?
Rodrigo Constantino