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Brasil é rebaixado por agência de risco: parabéns, Dilma!
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A agência de classificação de risco Standard and Poor’s cortou a nota da dívida soberana brasileira para BBB-, de BBB. Segundo nota divulgada pela agência, “a política controversa do governo, com implicações negativas para as contas públicas e a credibilidade da política econômica, somada às estimativas de desaceleração nos próximos dois anos continua a pressionar a flexibilidade das políticas e o desempenho do Brasil”. A agência havia alterado para “negativa” a perspectiva da nota brasileira em junho do ano passado — e, desde então, o mercado especulava o rebaixamento.

O que isso significa? Na verdade, essas agências de risco costumam chegar atrasadas em relação ao mercado. O Brasil já foi rebaixado há meses pelos investidores. Basta ver o atual patamar do Ibovespa, abaixo dos 50 mil pontos, amargurando queda expressiva desde que Dilma assumiu o governo. Poucos são aqueles que ainda depositam alguma credibilidade nas políticas nacional-desenvolvimentistas do atual governo.

Dito isso, há impacto no rebaixamento, pois muitos fundos, principalmente os maiores, dependem da classificação positiva dessas agências para investir nos países emergentes. Sem um carimbo de qualidade, sem um investment grade (grau de investimento), muitos fundos ficam proibidos, por seus estatutos, de investir no país. O Brasil ainda não chegou lá, mas ficou um passo mais perto. Isso quer dizer, de forma reduzida, mais fluxo de capital saindo do Brasil.

O governo bem que tentou convencer os analistas da S&P com as mesmas falácias que tenta ludibriar os eleitores brasileiros, mas não funcionou. Basta observar atentamente nossos indicadores para verificar que sinais de alerta estão sendo emitidos por todo lugar. O modelo de estímulo ao consumo calcado em crédito se esgotou. O governo não fez reformas; preferiu apelar para malabarismos contábeis, marretada nos preços, ilusionismo no setor elétrico, etc. Enganou apenas os trouxas.

Como as agências de risco saíram chamuscadas na crise de 2008, justamente por não terem sido rápidas o suficiente para apontar os riscos existentes, agora estão mais ariscas e atentas. O Brasil não pode mais contar com a negligência ou vista grossa delas; poderia ser fatal para seus negócios. A crise está se aproximando se o curso não for alterado. Não é preciso ser um gênio das finanças para perceber isso. Basta bom senso e um mínimo de embasamento teórico econômico – aquele que o ministro Guido Mantega e a própria presidente Dilma não parecem possuir.

É uma vergonha ser rebaixado, e é prejudicial ao país. Mas não adianta culpar a S&P. A responsabilidade é inteiramente nossa. Ou, para ser mais preciso, do governo Dilma.

Rodrigo Constantino

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