As cenas que vão ganhar o mundo na véspera do início da Copa são impressionantes. A zona norte do Rio parece um campo de batalha, com correria, bombas, pedras, veículos depredados e muita fumaça. É o resultado da tentativa de reintegração de posse de um terreno e um prédio da Oi, que foram invadidos por cerca de 5 mil pessoas, tornando-se uma nova favela carioca.
A desocupação da propriedade particular foi ordem da Justiça, que deve ser cumprida. Claro, tudo poderia ter sido evitado se o império da lei fosse aplicado desde o começo. A responsabilidade das autoridades nesse caos está justamente em ter demorado tanto a agir. Quando eram apenas 50 invasores, tudo seria muito mais fácil, e os criminosos poderiam ser detidos ou afastados do local sem maiores problemas.
Mas a leniência do governo fez com que 50 virassem 5 mil, e naturalmente isso dificulta absurdamente a ação da polícia, que acaba sempre com a má fama de truculenta e violenta. Só que a polícia precisa fazer a lei ser cumprida, se ainda desejamos viver em um Estado Democrático de Direito.
Alguns apelam para o sensacionalismo, para a vitimização dos pobres que ocuparam o lugar, e que reclamam sobre seu “direito” à moradia. Como se tal “direito” fosse um salvo-conduto para invadir e pilhar, tomar o que é nosso (ou de outros). Essa mentalidade está no cerne dos problemas, pois no Brasil, as pessoas acham que têm direito a tudo, e que os outros têm, portanto, a obrigação de suprir suas demandas “gratuitamente”. Seria como um tarado sedento por sexo achar que tem o “direito” de estuprar alguém.
O terreno e o prédio são propriedade particular de uma empresa, com seus milhares de acionistas. Ninguém tem o direito de simplesmente tomar tais propriedades para si. Isso é crime, ponto. E a polícia tem, ela sim, total direito de punir e prender os criminosos invasores, que resistem à desocupação, inclusive com uso de violência (há ao menos 5 policiais feridos já).
Se a polícia tivesse agido assim desde o começo, o Rio poderia ser um lugar totalmente diferente hoje, sem o domínio do crime nas favelas, que foram blindadas da ação estatal por anos, principalmente na era Brizola. Que se faça valer a lei!
Rodrigo Constantino