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Prezada senadora Kátia Abreu,

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Acompanho sua trajetória na política já faz algum tempo, e até aqui, admito, com admiração e respeito. Considero a sua uma das poucas vozes corajosas e de bom senso em nossa política atual, vítima de uma completa hegemonia de esquerda.

Reproduzi e comentei, com elogios, vários textos de sua autoria em meu antigo blog. Você tem lutado, de forma geral, a boa luta. Condenou a corrupção da Funai e os esquemas envolvendo os “índios”, sempre atacou os criminosos do MST e a ideia equivocada de “reforma agrária” da esquerda, que ainda está presa no século retrasado da pá e da enxada em assentamentos familiares, combateu a arbitrariedade das leis trabalhistas que transformam em “trabalho escravo” qualquer desvio absurdo de dezenas de regras irreais, enfim, nunca teve medo de se colocar à direita nesse embate ideológico que só tem esquerdista.

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Portanto, creio que a senhora possa imaginar a minha frustração ao saber que, do DEM foi para o fisiológico PSD, de Kassab, e que agora aderiu de vez à base governista indo para o PMDB, que apóia o governo Dilma. O que foi isso, senadora? Seu nome associado ao desses petistas, que sempre estiveram ao lado do MST, dos radicais de esquerda que tantos obstáculos criaram para o agronegócio?

Quando Guilherme Affif Domingos aceitou ministério no governo Dilma, o choque já foi duro. Era, afinal, um dos ícones dos liberais na política. Pragmatismo tem limites, senadora. Quando figuras importantes da oposição ao PT e à esquerda radical jogam a toalha e se juntam aos malfeitores, que esperança o povo decente pode ter no futuro da nação? Qual o próximo passo? A senhora abraçar Pedro Stédile e José Rainha, camaradas do PT, e posar para uma foto com o boné do movimento criminoso MST?

Alianças políticas, concessões, contemporização, tudo isso faz parte da vida política, que não tolera muito romantismo e idealismo. Estamos de acordo, sabemos disso. Não vou cobrar pureza, radicalismo, isolamento. Mas se unir a esse governo? Como consegue deitar no travesseiro à noite e dormir em paz com sua consciência?

Posso compreender perfeitamente sua aversão à Marina Silva e o que seu movimento representa. Compartilho dela. São ecoterroristas que usam o alarmismo ambiental para pregar receitas catastróficas e condenar a agropecuária. Vimos o que ela disse sobre Ronaldo Caiado logo na primeira entrevista após fechar com o PSB de Eduardo Campos. Esses “melancias” são terríveis, e não entendem o quão complexo e necessário é gerir um agronegócio moderno. Convenceram boa parte da opinião pública de que ruralistas são o capeta em pessoa.

Mas a senhora pensa, realmente, que se aliar ao PT é a solução? Senadora, os próprios ruralistas já têm lhe criticado bastante por conta dessa estranha aproximação com o governo. Agora escancarou de vez. É um soco no estômago de quem sonha com nomes honrados de oposição. Repare no grifo dessa palavra. O que mais falta em nossa política atualmente é oposição. Não temos uma que valha o nome, que ofereça um modelo alternativo, capitalista, liberal.

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Quando os poucos nomes que poderiam fazer parte dessa frente, como o da senhora e o de Affif, migram para a base aliada, o que nos resta? Se não é possível derrotá-los, junte-se a eles? Foi essa a máxima que vocês usaram para ato tão vergonhoso? Pois saiba que é, sim, possível derrotá-los. E nós, que fazemos oposição a esse modelo esquerdista, conseguiremos isso, mais cedo ou mais tarde.

Infelizmente, quando isso ocorrer, seu nome não será lembrado como um dos relevantes nessa boa luta, mas sim como alguém que cedeu e se entregou ao inimigo. Uma pena quando lembramos que a senhora chegou a dizer coisas como essa, em entrevista a Veja:

Quero fazer um desafio aos ministros: administrar uma fazenda de qualquer tamanho em uma nova fronteira agrícola e aplicar as leis trabalhistas, ambientais e agrárias completas na propriedade…Se depois de três anos eles conseguirem manter o emprego e a renda nessa propriedade, fazemos uma vaquinha, compramos a terra para eles e damos o braço a torcer, reconhecendo que estavam certos.