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Carta aberta aos caminhoneiros
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Por Roberto Rachewsky, publicado no Instituto Liberal

O sentimento de indignação é de todos. Não há quem depende do seu próprio trabalho que não esteja insatisfeito com o grau de intervenção governamental em suas vidas. Somos taxados, regulados, tutelados, controlados e punidos como nunca fomos antes. É por isso que grande parte da população vem apoiando a chamada “greve dos caminhoneiros”. Uns chegam a dizer que é a transposição de “A Revolta de Atlas” para a realidade.

Acredito que pouquíssimos de vocês, caminhoneiros, estão familiarizados com a novela da escritora Ayn Rand, que retrata uma greve daqueles que fazem o motor do mundo funcionar. Com certeza, seu líder Ivar Schmidt nunca ouviu falar do significado da frase: “Quem é John Galt?” John Galt era o rebelde por trás do movimento que clamava por liberdade e respeito à propriedade, material ou intelectual, que são direitos inerentes à natureza do homem.

Digo que não leu e não conhece, porque os pleitos estabelecidos por ele ferem, mais uma vez, os direitos de todos os brasileiros. A quase totalidade dos que apoiaram a greve imaginava que as reivindicações da categoria se resumiriam ao pedido de menos regulação, menos impostos, mais liberdade e mais respeito à iniciativa privada e ao livre-mercado. Única maneira para diminuir a crônica corrupção existente no país, e as amarras que impedem que a sociedade construa os caminhos para sua própria prosperidade.

Vejo com tristeza que a pauta apresentada pelos grevistas segue a mesma retórica que sempre fez parte do sindicalismo tradicional, tão bem representado pelo PT: mais governo, mais subsídio, mais privilégios, mais imoralidade. Usar o governo, sinônimo de força, de coerção, para empurrar para a sociedade inteira os custos dos privilégios demandados pela classe é uma vergonha e uma traição àqueles que julgavam este movimento como sendo diferente de todos os demais.

Infelizmente, mostra-se agora que não é. É apenas mais uma demonstração de comezinha ambição pelo imerecido. Gostaria que os caminhoneiros tivessem a consciência do equívoco moral e econômico de suas pretensões. Sonhava com o dia em que uma categoria dessas viesse a público gritar “Quem é John Galt?”, em respeito à liberdade e à propriedade dos demais. Lamentavelmente, nos deparamos com mais uma corporação associando-se ao governo para pedir por “almoço grátis”.

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