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Em um artigo na Folha hoje, Ana Fonseca, que foi secretária-executiva do programa Bolsa Família em 2003, e Carlos Lopes, economista da ONU, celebram a crescente dependência dos pobres das esmolas estatais. É paradoxal ver que um programa cuja missão é erradicar a pobreza, só aumenta a quantidade de dependentes a cada ano. Os autores dizem:

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Costuma-se dizer que o sucesso tem muitas mães. Quase sempre isso é verdade. Como participantes do processo que deu corpo ao Bolsa Família, consideramos oportuno acrescentar ângulos à reflexão do balanço de uma década dessa conquista do povo brasileiro.

O Bolsa Família atende hoje a 13,8 milhões de famílias. O valor médio de seu benefício mensal é de R$ 152. Em 2003, quando implantado, ele atendia a 3,6 milhões de famílias com cerca de R$ 74 mensais, em média.

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Em 2011, o governo federal inseriu o Bolsa Família em uma política mais ampla de transferência de renda. Com o plano Brasil sem Miséria, assumiu o compromisso de garantir aos brasileiros uma renda mínima mensal de R$ 70. Comprometeu-se a ampliar o acesso a serviços públicos e a efetuar a inclusão produtiva urbana e rural.

Os dez anos do maior programa de transferência de renda do mundo são motivo de orgulho e esperança para a população brasileira, e é isso que nós devemos celebrar.

Qual o critério para afirmar que o programa é mesmo um sucesso? Se o critério for o eleitoral, eu até concordo: foi uma jogada de mestre do PT, especialmente porque sabe aproveitar a oportunidade de fazer terrorismo eleitoral, dando a entender que o privilégio será cortado se outro partido vencer as eleições.

Mas como pode um programa que tem como meta atacar a miséria ser celebrado se, a cada ano que passa, mais gente entra nele? Eu poderia jurar que um bom programa, com porta de saída e tudo mais, celebraria a redução de gente que depende de esmolas estatais. Pelo visto, no Brasil do PT as coisas funcionam ao contrário.

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Só posso concluir que se toda a população brasileira fizesse parte das esmolas estatais, cada vez maiores, o Bolsa Família seria visto como o maior sucesso do mundo! E o Brasil ficaria mais parecido com Cuba do que com o Canadá, os Estados Unidos, a Austrália, a Nova Zelândia…

Os autores “enchem a boca” para afirmar que se trata do maior programa de transferência de renda do mundo. Pois é. Enquanto os liberais se preocupam com a criação de riqueza, os esquerdistas só querem saber de tomar a riqueza alheia e distribuir (deixando um bom pedágio para os burocratas e políticos ungidos, naturalmente).

Roberto Campos, cuja morte completou 12 anos ontem, foi direto ao ponto quando disse: “Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir; foi fatal; os socialistas nunca mais entenderam a escassez”.