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“O vício intrínseco do capitalismo é a partilha desigual do sucesso; o vício intrínseco do socialismo é a partilha equitativa do fracasso.” (Winston Churchill)

A população chilena está dividida sobre a reforma no sistema educacional proposta pelo governo socialista:

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No fim de janeiro, o governo aprovou no Congresso uma lei que proíbe as escolas privadas que recebem dinheiro público, chamadas de subvencionadas, de selecionar os alunos. Elas também serão proibidas de lucrar com a atividade. A regra entra em vigor no ano que vem. Mesmo após a aprovação da primeira parte das mudanças prometidas, metade da população olha o projeto com um pé atrás.

O assunto está empatado na opinião pública: 48% dos chilenos são contra a reforma educacional e 47% a favor, segundo pesquisa mais recente do instituto GFK Adimark, realizada em fevereiro. As transformações que poderão ocorrer a partir da reforma são a raiz do desacordo. De acordo com analistas, os chilenos desejam uma educação melhor, que reduza a desigualdade social no país, mas não querem colocar em risco os avanços obtidos pela última geração.

O Chile é o país latino-americano com o melhor desempenho no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), da OCDE. Nos anos 80, ainda sob a ditadura militar, o país criou um sistema em que o governo passou a bancar o ensino de crianças e jovens, não importando se elas estavam matriculadas em escolas públicas ou particulares. O financiamento era feito de acordo com a frequência do aluno.

A mudança provocou uma debandada do sistema público, a cargo dos municípios. De uma cobertura de 80% dos estudantes em 1981, essas escolas atendem hoje a pouco mais de um terço.

O ditador Pinochet, assessorado por economistas liberais de Chicago, adotou o sistema de voucher na educação, permitindo que os alunos mais pobres pudessem estudar em escolas particulares, normalmente melhores. Foi dado com isso o poder de escolha às famílias carentes, e como mostram os resultados, a imensa maioria resolveu migrar para escolas privadas, percebidas como melhores. Claro que o resultado será desigual. Afinal, é o que acontece quando se preserva a liberdade para seres humanos desiguais.

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Eis o que socialistas igualitários não toleram. Eles querem maior igualdade, o que só é possível, na prática, reduzindo drasticamente a liberdade individual. Se somente alguns podem ir para Harvard ou Yale, por exemplo, claro que teremos resultados desiguais. A alternativa dos igualitários não é tornar todas as universidades públicas tão boas como Harvard ou Yale, o que seria utópico e inviável, mas sim destruir as melhores em nome da igualdade.

Claro que fazem isso de forma disfarçada, sob o manto nobre da igualdade. Ou seja, todos devem ter direito de estudar em Harvard. Mas como se faz isso na prática? Sendo um objetivo inviável, o jeito é facilitar ou liberar o acesso dos piores estudantes, arrombando a porta das melhores faculdades. Faz-se isso com cotas ou impedindo os empresários do ramo educacional de lucrar com a maior procura de alunos por conta da excelência ofertada ou de selecionar seus alunos.

Foi Thomas Sowell quem melhor resumiu o problema intrínseco ao igualitarismo na educação: “Você não pode ensinar todos no mesmo ritmo, a menos que tal ritmo seja reduzido para acomodar o menor denominador comum”. Ou seja, uma educação igualitária seria uma educação mais do que medíocre; seria uma educação em que os melhores alunos teriam que ser sacrificados em seu ensino para não despertar a inveja dos piores alunos.

Não é possível pregar igualdade na educação e ao mesmo tempo desejar preservar a qualidade. Ou uma coisa, ou outra. Os chilenos que desejam mais igualdade, mas não querem abrir mão da qualidade superior do ensino de seu país vis-à-vis os vizinhos, querem ter e comer o bolo ao mesmo tempo. Não existe almoço grátis, como sabia Milton Friedman, o mais conhecido economista de Chicago.

Por sorte dos chilenos da geração anterior, o ditador Pinochet o escutou. Já a socialista Michelle Bachelet, para o azar dos chilenos desta geração, prefere ignorar o alerta e buscar a igualdade de resultados, o que é incompatível tanto com a liberdade individual como com a qualidade do ensino.

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Rodrigo Constantino