A chamada está estampada no jornal GLOBO: Cotidiano de surras e pobreza. Diz a matéria:
No último dia 11, Tamires Augusto, de 25 anos, foi presa num bairro pobre do município de São Francisco de Itabapoana, acusada de provocar a morte, por espancamento, do filho Luiz Otávio, de 2 anos. Isolado, o caso já é extremamente grave. Mas ele representa uma realidade mais ampla: em muitos lares, a violência contra crianças é corriqueira. Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUC do Rio Grande do Sul (CAES/RS) em cinco comunidades do município do Rio e uma de Caxias, 68% das crianças são surradas.
E são exatamente as de 2 anos as agredidas com maior frequência, como comprovam os resultados do estudo no Morro da Formiga, na Tijuca. Ali, enquanto 0,9% das crianças de 8 anos apanham “muitas vezes”, no caso das de 2 anos (e até os 18 meses elas ainda são consideradas bebês), essa frequência salta para 25%.
— É muito grave a situação, porque trará sérias sequelas para o desenvolvimento desse adulto. As crianças que mais apanham também são as que mais se envolvem em brigas, que mais têm problemas para se relacionar, que apresentam maior dificuldade para aprender e para se desenvolver. Essa violência doméstica não pode mais ser tratada como problema pessoal. É um problema social, para o qual é necessária a criação de políticas que possam quebrar esse paradigma de que bater resolve — afirmou o professor Hermílio dos Santos, coordenador do projeto do CAES/RS.
Tudo isso é muito triste, claro. Mas surge a questão: não são os membros da esquerda caviar que vivem enaltecendo a pobreza, a vida simples e descontraída das “comunidades”, a maior felicidade nesses locais sem o “vírus” do consumismo e do capital?
Outro dia mesmo o ator Miguel Falabella estava elogiando a postura mais “flexível” dessas comunidades pobres diante da vida. Será que bater em crianças é ser mais flexível? O que Regina Casé, que adora glamourizar os guetos, tem a dizer sobre esses dados chocantes?
Essa elite “intelectual” deveria ler o excelente livro Coming Apart, de Charles Murray. Nele, o autor mostra como os “valores” disseminados pelas elites acabaram criando uma casta de desprivilegiados no andar de baixo. A ideia da “emancipação” feminina e da mãe solteira e independente, por exemplo, é bonitinha nos bairros nobres, com empregadas ajudando e tudo mais, mas nas favelas a realidade é um tanto diferente.
Outro autor que tem tocado nesse ponto é Theodore Dalrymple, que tinha que ser traduzido logo no Brasil. O médico britânico trabalhou em diversos países pobres e em comunidades locais humildes, e sabe como a teoria progressista acaba tendo efeitos indesejados na prática.
Temos que parar de glamourizar a vida na pobreza, normalmente fruto de uma elite culpada e arrogante, em busca de seus mascotes. Esse, aliás, é o tema básico do meu livro Esquerda Caviar, que será lançado mês que vem pela Record.
Não é nada bonito a vida de uma família destroçada, muitas vezes sem o pai presente, ou com padrastos violentos e machistas que espancam as mulheres e as crianças. Mas essa é a realidade em muitos lares dessas comunidades elogiadas pelos artistas e “intelectuais”, como mostra a reportagem. Reconhecer a realidade como ela é, e não como gostaríamos que fosse, eis o primeiro passo para resolver o problema.
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