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João Pereira Coutinho relata em sua coluna de hoje uma experiência que também tenho, ao tentar defender com isenção e lógica o que julgo correto no complexo conflito do Oriente Médio. Ao tomar quase sempre o partido de Israel – não sem críticas – sou associado ao judaísmo. Pois, como pode um não-judeu achar que Israel tem alguma razão no conflito israelense-palestino?

Uma das explicações para o fato de que tanta gente assume automaticamente a defesa dos palestinos está, creio eu, na natural inclinação que temos de torcer pelo mais fraco. Naqueles programas da National Geografic, quem torcia para o leão alcançar o veado? As nossas emoções são programadas para proteger o lado em desvantagem. O mesmo fator fazia muita gente defender Cuba contra os Estados Unidos.

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Mas nem sempre o David estará certo e o Golias errado. É o que mostra resumidamente Coutinho, inclusive destacando alguns itens da carta fundamental do Hamas, tratado pela imprensa como uma mera “facção” ou um interlocutor legítimo pela paz. Não é. Hamas é uma organização terrorista que pretende destruir Israel, nada menos:

O conflito com o Hamas é um problema ideológico. Basta ler a carta fundamental do grupo. Depois de prestar vassalagem à Irmandade Muçulmana (artigo 2) e de invocar os “Protocolos dos Sábios do Sião” (artigo 32) como argumento de autoridade (um documento forjado pela polícia czarista no século 19 para “provar” o conluio judaico para dominar o mundo), o Hamas não quer um Estado palestino junto a um Estado judaico.

Quer, sem compromissos de qualquer espécie, a destruição da “invasão sionista” (artigo 28) -do mar Mediterrâneo até o rio Jordão. Os foguetes que o Hamas lança não são formas de reivindicar nada: são a expressão da incapacidade de aceitar que judeus vivam no “waqf” (terra inalienável dos muçulmanos -artigo 11).

Acreditar no Hamas como “parceiro” para qualquer “processo de paz” é não entender a natureza jihadista do grupo. O Hamas não luta em nome da Palestina. Luta em nome de Alá.

Enquanto grupos terroristas estiverem bem na fronteira de Israel ameaçando sua população, claro que o governo irá reagir, lutar, defender-se a todo custo. Israel cedeu várias vezes nas negociações territoriais, mas ao lado palestino, liderado por terroristas, a paz não interessa. Yasser Arafat, ao recusar o acordo em Camp David em 2000, cometeu um crime imperdoável contra o próprio povo palestino.

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Portanto, é preciso deixar as emoções de lado e analisar a coisa por uma lente mais objetiva e racional. Podemos, sim, criticar abusos cometidos pelo governo de Israel, e lamentar profundamente as perdas civis do lado palestino. Mas é absurdo ignorar o que os próprios palestinos, sob o controle de terroristas, desejam: a completa destruição de Israel.

PS: A analogia com David versus Golias é interessante, mas falha. Sim, Israel é mais forte em termos bélicos, pois é uma democracia com uma economia pujante, produziu muita riqueza mesmo em território extremamente inóspito e hostil. Mas acusarem Israel de “imperialista” parece demais da conta. Em uma imagem, vejam que “império” avassalador naquela região:

Mas é esse pequeno pedaço de terra que seria a causa de todos os problemas na região, dizem os incautos, e os demais não podem tolerar sua existência. Como levar essa gente a sério?

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Rodrigo Constantino