O socialista Hollande assumiu o governo francês com uma retórica contra os ricos. Socialistas tendem a acreditar que riqueza é algo estático, que economia é um jogo de soma zero e que, portanto, o pobre é pobre porque o rico é rico. O resultado é uma hostilidade aos ricos e criadores de riqueza em potencial, o que apenas prejudica os pobres.
À época, os liberais já diziam que essa mentalidade iria afugentar os empresários e piorar a situação econômica da França, já em frangalhos. Não deu outra. Em reportagem publicada no NYT e traduzida pela Folha, há relatos de vários empreendedores que se mudaram de lá e não pretendem voltar. Seguem alguns trechos:
“Muitas pessoas indagam: ‘Por que você saiu da França?'”, disse Santacruz, 29. “Minha resposta é que a França tem problemas demais. Há uma sensação de desânimo que parece estar aumentando. A economia vai mal, e, se você quiser progredir ou abrir seu próprio negócio, o ambiente não é bom.”
Um êxodo de empresários e de jovens está em curso, em um momento no qual a França mais precisa deles. O país teve baixo crescimento econômico nos últimos cinco anos, tendendo à estagnação, e aumento do índice de desemprego, atualmente em cerca de 11%.
Empresários ricos também estão partindo. Enquanto novatos reclamam das dificuldades para abrir um negócio, os que o conseguiram dizem que a sociedade estigmatiza o sucesso financeiro. A eleição do presidente François Hollande, membro do Partido Socialista que certa vez declarou: “Não gosto dos ricos”, não ajudou a desfazer essa impressão.
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Segundo o Ministério de Relações Exteriores, cerca de 1,6 milhão dos 63 milhões de cidadãos da França vivem fora do país, e até 60% desse montante saíram a partir de 2000. Milhares estão indo para Hong Kong, Cidade do México, Nova York, Xangai e outras cidades. Aproximadamente 50 mil franceses moram no Vale do Silício, e 350 mil estão radicados no Reino Unido. Muitos dizem que provavelmente não voltarão.
Tudo isso é um tanto óbvio para os liberais, é o resultado esperado quando o governo ataca aqueles que criam riqueza. Mas a esquerda não entende isso, ou por ignorância, ou dominada pela inveja que prefere destruir os mais ricos em vez de ajudar os mais pobres.
Qualquer governo que pretende ajudar os mais pobres deve tratar bem os mais ricos e, acima de tudo, os empreendedores, os criadores de mais riqueza em potencial. O ambiente de negócios deve ser o mais amigável possível, com baixos impostos, tributação simplificada, confiança nas regras do jogo, segurança jurídica e física, sólidas instituições, e respeito à meritocracia, ou seja, haverá perdedores e vencedores no processo competitivo, e tais resultados devem ser respeitados.
Foi Ayn Rand, a filósofa e novelista russa, quem melhor resumiu a questão. Em um discurso sobre o dinheiro, ela coloca na boca de seu personagem: “Não espere que eles [empresários] produzam, quando a produção é punida e a pilhagem recompensada”. Diz Rand:
“Quando você perceber que para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
Como a França de Hollande comprova uma vez mais, o jeito mais fácil de se criar pobreza é agredir os ricos. Quer melhorar a vida dos mais pobres? Então é bom começar a tratar bem os mais ricos…
Rodrigo Constantino