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Excelente o artigo de Denis Rosenfield hoje, ao lembrar que democracia não é apenas depositar voto nas urnas. O grande risco para as liberdades atualmente é a estratégia de destruir a democracia de dentro dela, usando o próprio instrumento do voto. É essa estratégia que aproxima bolivarianos e islâmicos.

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O resgate dos conceitos é fundamental para combater tal estratégia. O professor de filosofia vai no ponto quando diz:

O uso equivocado ou dúbio de palavras não só dificulta a compreensão, como é potente fator de desorientação da ação humana. Quanto pior conceitualizamos um evento, tanto menos somos capazes de entender o que está acontecendo. Os juízos moral e político ficam sem parâmetros, ziguezagueando ao sabor das conveniências ideológicas.

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Eu já escrevi um artigo para o GLOBO na mesma linha, resgatando o importante alerta de Confúcio: “Quando as palavras perdem seu significado, as pessoas perdem sua liberdade”. Destruir o sentido de importantes conceitos é parte deliberada da tática dos inimigos da liberdade. Por isso Rosenfield toca no cerne da questão quando escreve:

Há um problema conceitual de monta aqui envolvido. A democracia, assim entendida, viria a significar exclusivamente a realização de eleições e a adesão incondicional aos eleitos, como se daí em diante tivessem eles o “direito” de tudo fazer, ficando a sociedade submetida ao seu arbítrio. A democracia seria mero instrumento de conquista do poder, que uma vez garantido asseguraria a seus detentores a prerrogativa de tudo decidir, sendo soberanos no sentido ilimitado do termo. Nenhuma lei os limitaria, salvo a de fachada que eles mesmos se outorgam. O próprio Poder Judiciário torna-se um mero joguete em suas mãos, nada decidindo verdadeiramente, devendo subordinar-se aos ditames do Executivo.

Logo, os direitos individuais são abolidos – valores burgueses, no dizer bolivariano; valores ocidentais, para os islamistas. As liberdades são progressivamente sufocadas em nome desses “outros” valores socialistas/islamistas, conforme o caso, com o Estado vedando todos os poros por onde uma sociedade respira. Normalmente seus alvos mais diretos são os grupos de mídia e imprensa, porque quem procura impor seus valores e ideias tem como objetivo eliminar toda liberdade de expressão. Não espanta, pois, que advoguem por uma “democratização dos meios de comunicação”, forma velada de controlar a mente das pessoas e, por intermédio delas, a sociedade em geral. Ainda no Foro de São Paulo o presidente da Bolívia, Evo Morales, julgou – na ausência de juízo que o caracteriza – que “sobra” liberdade de imprensa na América Latina. Ou seja, o que “sobra” é o que ainda não conseguiram eliminar. Teve a adesão dos “companheiros”.

Todo cuidado é pouco com esses defensores do totalitarismo que falam em nome da liberdade e da democracia. Tanto os seguidores de Mursi no Egito como os bolivarianos latino-americanos detestam a verdadeira democracia, aquela que preserva direitos das minorias e dos indivíduos, que conta com pesos e contrapesos para limitar o poder estatal, que alimenta a liberdade de imprensa e de oposição política, estimulando a alternância de poder.

Infelizmente, esses “liberticidas” modernos se adaptaram ao linguajar liberal, e usam uma máscara democrática para esconder sua face autoritária. Não são liberais, nem aqui, nem na China! E, infelizmente, nosso próprio governo flerta com o que há de pior na política mundial. Rosenfield conclui:

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Eis o contexto ideológico em que se move a diplomacia brasileira, acatando todas as medidas liberticidas dos países bolivarianos e islâmicos, conivente com seus desmandos de subversão da democracia por meios democráticos. O País acaba se alinhando à escória mundial em nome da democracia – e os mais afoitos, em nome da luta contra o neoliberalismo. O Foro de São Paulo é a sua celebração!