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Entrevista concedida a Lorena Daibes, da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), sobre meu novo livro Esquerda Caviar:

O que você define como esquerda caviar? O que te inspirou ao projeto?

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Esquerda caviar é aquele grupo de pessoas que ama a “humanidade”, mas muitas vezes não suporta o próximo. Coloca as emoções acima da razão. Foca mais nas aparências do que nos resultados concretos de suas ideias. Monopoliza os fins nobres em vez de debater os melhores meios para chegar lá. Prega uma coisa e faz outra em sua própria vida. Abusa de um duplo padrão de moralidade, e sempre tem um peso para duas medidas diferentes. Enfim, costuma ser muito hipócrita. A inspiração veio justamente do cansaço de ver essa hipocrisia toda de gente que defende o modelo socialista enquanto desfruta de todas as benesses que só o capitalismo pode oferecer. Era preciso dar um basta, uma resposta persuasiva e ao mesmo tempo implacável.

Na sua visão,  quem representa essa esquerda caviar no Brasil? 

O maior ícone já foi o arquiteto Oscar Niemeyer. Com sua morte, o compositor Chico Buarque assumiu a liderança. Mas existem muitos outros, como Verissimo, Wagner Moura, Marilena Chauí, Zé de Abreu, Vladimir Safatle, Fernando Morais etc.

Quais as bandeiras da esquerda caviar? Em que elas prejudicam o país?

Ela sempre terá um forte ranço antiamericano e anti-Israel, enaltece o modelo Cubano, transforma o ambientalismo em seita religiosa e ecoterrorista, prega a justiça social, idealiza a juventude, abraça o pacifismo, tudo isso sem se importar com os efeitos concretos dessas bandeiras. Prejudicam bastante o país pois representam o atraso ideológico, criam barreiras ao progresso capitalista, aumentam o poder estatal, tolhendo nossas liberdades e avançando sobre nossos bolsos. Basta dar o exemplo do Mercosul, totalmente ideológico, e ver o quanto isso é prejudicial para o nosso livre comércio.

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Existe alguma relação entre o capitalismo e os grandes apoiadores da agenda esquerdista? Em que essas pessoas/ empresas se beneficiam? 

Sim, um dos fatores que levam alguém a ser da esquerda caviar é justamente o sentimento de culpa da elite capitalista. Com isso, financia causas que jogam contra o próprio capitalismo. Vários financiadores de projetos revolucionários socialistas foram e são ricos capitalistas. Há, naturalmente, os casos de puro interesse financeiro, como quando grandes grupos se beneficiam do capitalismo de estado, da amizade com o rei, das verbas estatais e patrocínios culturais. Mas não podemos ignorar os casos genuínos de quem, no fundo e sem saber, quer apenas expiar seus “pecados”.

Os que se dizem verdadeiros defensores dos fracos e oprimidos são incentivados pelo o que especificamente? 

Muitas vezes pela forte sensação de superioridade moral. É um entorpecimento e tanto, a ponto de deixar muita droga ilícita conhecida no chinelo. O regozijo de se ver como uma das almas mais abnegadas que já pisaram na Terra é tentador. E para isso basta abraçar certas bandeiras populistas, fazer discursos demagógicos, ou trocar o sobrenome no Facebook para Kaiowá. Sem gastar nem mesmo duas calorias o sujeito já se sente melhor, mais nobre, mais “humano”. E ignora o que vem depois…

Você vem sendo considerado um dos mais produtivos economistas da nova geração, mas, como nem tudo são flores, criou algumas desavenças. Como tem lidado com os desafetos? 

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De duas formas diferentes. Aqueles que têm críticas construtivas, ou divergem com respeito e civilidade, focando nos argumentos em vez de fazer ofensas pessoais, eu escuto com respeito e educação. Ninguém é dono da verdade, e devemos estar abertos ao diálogo civilizado sempre. Já os que se sentem acuados com certos fatos e argumentos que esfrego em suas caras, e partem para a agressão, dando uma confissão de impotência intelectual, eu simplesmente ignoro, pois não têm nada a agregar.

A privatização pode auxiliar no combate à corrupção? 

Sem dúvida! Afinal, quanto maior a quantidade de recursos que passar pelo estado, maior será a chance de corrupção. Empresas privadas, sob o escrutínio de acionistas preocupados com seus próprios recursos, costumam evitar ao máximo possível desvios fraudulentos. São eles mesmos que perdem, não a “viúva”, como no caso das estatais. O estado não deve ser empresário.

Estamos há um ano das próximas eleições? . Como você vê a propaganda política hoje no Brasil e quais as suas previsões para 2014?

O uso da máquina estatal inchada já é impressionante para favorecer a candidata do governo. Abusos são cometidos à luz do dia, e a própria presidente já declarou que está disposta a fazer o “diabo” para ser reeleita. O PT não tem um projeto de país, mas sim um projeto de poder. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não acordaram para isso, ou estão satisfeitos com suas esmolas estatais. E a oposição parece acovardada, passiva. É preciso ter uma alternativa de fato a esse modelo de estado inchado e intervencionista. Para 2014, ainda não é possível ver nenhum pré-candidato pegar com vontade essa bandeira de oposição.

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Estamos ansiosos pelos seus próximos projetos. Quais são eles? 

O tema da esquerda caviar é quase inesgotável, e o editor teve que dar um limite no prazo, pois eu queria sempre acrescentar mais coisa. Por esse prisma, algo nessa linha poderia fazer sentido. Mas é cedo para dizer. Tenho algumas outras ideias em mente também, mas nada muito avançado. Agora quero trabalhar para divulgar bastante o novo livro, que já entrou na lista dos mais vendidos, e talvez deixar 2014 livre de projetos literários, para poder focar totalmente na defesa de uma pauta alternativa a este modelo de governo atual, completamente fracassado.