A Escola Britânica da Barra, no Rio, custa os olhos da cara. O que mais tem ali é “novo rico” disposto a comprar, além de uma boa educação para seus filhos, um passaporte para a “aristocracia”, aquela elite não só financeira, como também cultural e tudo mais.
Para tanto, é preciso aderir aos últimos modismos, demonstrar “sensibilidade”, estar na vanguarda do pensamento politicamente correto. Tornam-se, assim, presas fáceis para os demagogos de plantão. Nada como uma elite culpada em busca da imagem de abnegada e sensível: manipular essa gente é, às vezes, mais fácil do que tirar doce de criança.
Digo tudo isso pois li que a escola fez os alunos adolescentes passarem uma noite em áreas abertas, dormindo sobre papelões, para mostrar a eles como são privilegiados e, portanto, possuem “responsabilidades sociais”. O evento, chamado “The Big Sleep”, tinha o objetivo de criar adolescentes mais “conscientes”, e para isso, tinham apenas água e nada mais.
Não vou negar que um choque de realidade para essa garotada deslumbrada possa ter seu lado positivo. Mas francamente: é muita apelação politicamente correta para meu gosto! Esse tipo de experiência serve apenas para o regozijo dos próprios pais e alunos, que saem dela se sentindo os mais nobres e puros altruístas do planeta, enquanto a dura realidade dos meninos de rua continua inalterada.
Uma noite ao ar livre, em segurança, para depois publicar nas redes sociais as fotos tiradas com seus smartphones de última geração, vale apenas como uma aventura que conquista alguns pontos na imagem de descolado perante os colegas. Logo depois, cada um volta para sua mansão, e quem sabe, para se “desintoxicar”, segue em seu jato particular ou na primeira-classe para os “States”, pois ninguém é de ferro.
Crianças de 11 anos não deveriam estar preocupadas em “salvar o mundo”, ou descobrir como a vida é difícil na miséria (algo que não descobriram), ou com as baleias, ou com a situação no Haiti. Tudo isso é hipocrisia da turma politicamente correta, que tem orgasmos ao imaginar que seus rebentos desejam criar “um mundo melhor” em vez de “pegar” a menina bonita ou sacanear o colega mais nerd.
A esquerda caviar está construindo um mundo que, além de muito chato, é falso, hipócrita e autoritário, pois impõe um pensamento único a todos. Quem não dança de acordo com a música é “insensível”, “reacionário”, não vale nada. Tudo pelas aparências.
Se minha filha estudasse na Escola Britânica, eu certamente teria me revoltado contra esse programa ridículo. Os milhares de reais investidos por mês deveriam ser para aprender matemática, inglês, história, e literatura, por meio da leitura de clássicos como Shakespeare, não para brincar de pobre por uma noite.
Rodrigo Constantino
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