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Recebo de leitores esse recado que um tal de “poeta e ateu” me mandou. Avisa que, ao contrário da burguesia, sempre foi da esquerda radical e jamais comeu caviar. Ia de sardinha em lata mesmo, ou pão com polenta. Vejam:

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httpv://youtu.be/JXWmz5dxgZ0

Esse senhor, que parece o pai de Pablo Capilé ou o ator José Mayer depois da pneumonia, tem um ponto. Há uma clara divisão entre a esquerda “hardcore” e a esquerda caviar. Para quem leu A Revolução dos Bichos, de Orwell (e quem não leu está esperando o quê?), havia o porco esperto e o cavalo Sansão.

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Aquele treinava os cães para seu uso pessoal e logo se mostrou afeiçoado aos prazeres do senhor humano, bebendo, jogando e fumando, aproveitando o que há de melhor na vida burguesa. Este era um crente fiel da revolução, e trabalhava cada vez com mais afinco pela “nobre” causa, sem enxergar nada mais ao lado.

Tipo petistas que logo aprenderam a usar ternos caros e frequentar os melhores restaurantes, ou então se tratar no mais caro hospital particular do país, enquanto o povão, que eles juram defender, precisa se contentar com migalhas e esmolas, ou o velho “pão e circo” oferecido pelo estado.

É preciso, portanto, fazer esta distinção aqui. Meu livro é dedicado à esquerda caviar, aos que falam em nome das bandeiras esquerdistas, enquanto usufruem daquilo que só o capitalismo pode oferecer. Por isso o termo hipocrisia no subtítulo.

Já a esquerda “sardinha em lata”, que já possui candidato a líder, é formada pelos idiotas úteis, que são justamente massa de manobra da esquerda caviar. Enquanto uns apelam para a retórica e fazem o contrário na prática, outros vivem feito cavalos fanáticos obrando por uma utopia estúpida, que serve apenas para enriquecer os primeiros. Merece até uma poesia, não é mesmo?