“Hoje, se disser que sou de esquerda, as pessoas não vão acreditar. Embora seja verdade. É verdade!”, jurou Fernando Henrique Cardoso, em debate no Museu de Arte do Rio com o ex-ministro Sergio Paulo Rouanet.
Entendo a angústia de FHC. Afinal, ele é “acusado” há anos pelo PT de ser um “neoliberal”. Um horror! Ele estaria, vejam só!, no mesmo saco “podre” de pensadores como o Prêmio Nobel Milton Friedman, ou então os governantes Ronald Reagan e Margaret Thatcher, tidos como “neoliberais” também.
FHC não tem nada a ver com isso. Se for apenas pelas privatizações, o PT também privatizou, ora bolas! Sim, o governo de FHC fez algumas reformas liberais, mas tímidas, e muito mais por necessidade e imposição dos mercados do que por convicção ideológica. O câmbio flutuante, hoje um dos pilares do tripé macroeconômico, só foi flutuar porque as reservas para mantê-lo fixo iam se esgotar.
Ao mesmo tempo, o governo FHC começou com essa baboseira de cotas raciais, financiou invasores de terra do MST, criou programas assistencialistas, etc. Neoliberal? Sinto muito, mas não. Só mesmo no Brasil um partido social-democrata como o PSDB pode ser visto como de “direita” ou “neoliberal”. É centro-esquerda!
Não há nada de errado nisso, a princípio. Democracias sólidas e modernas demandam partidos de centro-esquerda, e uma social-democracia civilizada faz bem ao debate político, assim como partidos fortes liberais e conservadores (socialistas só servem como atraso de vida). Mas daí a afirmar que FHC não é de esquerda…
Portanto, gostaria apenas de deixar claro, prezado ex-presidente FHC, que ao menos eu acredito em você. Sim, você é de esquerda, de uma esquerda com a qual dá para manter um diálogo construtivo e discordar de forma civilizada, ao contrário do que ocorre com o PT.
Rodrigo Constantino
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