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Em sua coluna de hoje no GLOBO, jornal acusado de “golpista de direita” por boa parte da esquerda, o esquerdista radical Francisco Bosco veio em defesa de Marilena Chauí sobre a classe média. A “filósofa” da USP, para quem não lembra, disse que odeia a classe média:

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httpv://www.youtube.com/watch?v=H1nZeCncZps

Comentei sobre isso aqui. Eu disse à época:

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Mas se Marilena Chauí não tem coragem de dar nome aos bois, eu faço isso por ela. Você, Pedro, João, Tiago ou Roberto, Maria, Fernanda, Ana ou Carolina, que é assalariado, que mora em um apartamento alugado de dois ou três quartos, que assiste novela da TV Globo e jogo de futebol nas quartas e domingos, que precisa enfrentar o caótico trânsito para trabalhar, que vive com medo de bandidos defendidos por esquerdistas, que não conta com esmolas ou privilégios estatais, que quer apenas, enfim, melhorar de vida, ter mais conforto material e segurança, é você mesmo que Marilena Chauí odeia e acusa de ser ignorante, petulante e… terrorista!

Bosco, endossando o ponto de vista marxista de Chauí, separa a classe média em duas. Aquela odiável é a “egoísta”, “alienada”, a que luta por seus interesses individuais, como melhor qualidade de vida, um carro próprio talvez, um apartamento melhor.

A classe média que presta é aquela engajada ideologicamente, coletivista, com “consciência de classe”. Ou seja, uma classe média que vota no PT ou, melhor ainda, no PSOL e PSTU, e que lê o Manifesto Comunista de Marx e Engels. Diz Bosco:

Ora, justamente — e essa é a segunda consequência — as demandas dessa classe média são individualistas e, se acatadas, levam a vida social e urbana a um estado de irracionalidade e animosidade. Que é exatamente o que estamos vivendo agora, e não por acaso a péssima qualidade dos transportes públicos foi o estopim dos protestos. Assim, não se deve perguntar sobre a legitimidade das reivindicações da classe média sem antes compreender quem é esta e quais são aquelas. Se se entende classe média como um segmento de cidadãos que não detêm os meios de produção mas tampouco se identificam com a classe dominante e sua ideologia, então a reivindicação dessa classe é a mesma que a dos trabalhadores — prioridade total aos mecanismos igualitários — e logo suas reivindicações são não apenas legítimas como desejáveis. Se, ao contrário, se entende a classe média nos termos de Marilena, então deve-se repudiar suas demandas, pois, se aceitas, elas farão “explodir o inferno urbano”. Nas palavras de Marilena: “se se opera com a noção de uma nova classe média, quais serão os programas que deverão ser implantados para atender a essa classe? Serão programas de estímulo às montadoras, às empreiteiras imobiliárias, às importadoras, aprofundando ao mesmo tempo o consumo, a competição e o isolamento. E faz-se explodir o inferno urbano”.

Não satisfeito, Bosco ainda veio em defesa, no final do artigo, dos Black Blocs. Para ele, nem dá para comparar a prisão de três membros do grupo, com armas em casa e material pedófilo (que o colunista levanta suspeitas), com a quebradeira de agências bancárias (tenho certeza de que, no fundo, Bosco aplaude isso).

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A verdadeira ameaça à democracia é prender os vândalos e baderneiros anarquistas, não depredar propriedade privada. Será que Marilena Chauí e Francisco Bosco gostariam de premiar aqueles soldados da causa, conscientes contra a exploração do capital, que destroem bancos? Fica a dúvida.

Triste ver que, em pleno século 21, dinossauros que defendem o marxismo ainda têm espaço na grande imprensa e eco entre os incautos. Lamentável…