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O ex-ministro Franklin Martins está de volta à TV em programa que estreia hoje:

Após percorrer 13 dos maiores países africanos e entrevistar cada chefe de Estado local, o jornalista e ex-ministro Franklin Martins volta à TV nesta quarta (25)como apresentador da série “Presidentes Africanos”.

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O documentário retrata aspectos históricos, políticos e econômicos dos países visitados. Cada nação é tema de um episódio. As reportagens são intercaladas com trechos da conversa com o líder local.

Para conseguir convencer tantos presidentes a recebê-lo, Franklin contou com uma ajuda de peso: o ex-presidente Lula, cujo instituto dá apoio institucional à série.

“É claro que isso ajudou na marcação das entrevistas. Abre portas”, disse Franklin. “E o fato de eu ter sido ministro também abre portas.”

Entre os patrocinadores estão a mineradora Vale e as empreiteiras OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão. As quatro têm interesses na África e já financiaram viagens de Lula.

O tom das entrevistas é cordial. Franklin não deixa de tocar em temas como desigualdade, analfabetismo e falta de alternância no poder. Mas não chega a confrontar seus entrevistados. A TV Bandeirantes exibirá seis episódios da série a partir de novembro.

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Franklin é um dos petistas mais radicais e também um dos mais insistentes na questão do controle da imprensa, que o PT chama eufemisticamente de “democratização”. Velho companheiro de armas da ala mais revolucionária dos socialistas, Martins resolveu atuar novamente como “jornalista”, fazendo entrevistas chapa-branca com governantes autoritários do “continente perdido”.

Naturalmente, ainda não vi o programa. Mas adianto algumas perguntas que um jornalista de verdade faria, e que duvido terem sido feitas pelo petista:

– Os países desenvolvidos ocidentais já destinaram centenas de bilhões de dólares em ajudas humanitárias aos países africanos, mas nada disso parece ter adiantado para melhorar a vida dos pobres. Ao contrário: tem apenas reforçado ditaduras. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

– O governo brasileiro tem perdoado bilhões em dívidas dos países africanos, de olho apenas nos votos para o assento no Conselho de Segurança da ONU. O senhor não acha que, agindo assim, o governo brasileiro cria um incentivo perverso para que novas dívidas não sejam pagas?

– Governos africanos chegaram ao poder com discurso socialista, e há claras evidências de que seus membros ficaram muito ricos, em alguns casos bilionários. O socialismo acaba servindo apenas como desculpa para enganar os pobres e concentrar poder e recursos em poucas mãos poderosas?

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– Os governantes africanos, aplaudidos por intelectuais de esquerda no Ocidente, gostam de culpar o “imperialismo’ ocidental pelo fracasso do continente, mas os países que tiveram mais contato com metrópoles ocidentais foram os que mais avançaram em termos relativos, enquanto os mais isolados são os mais pobres. Não faltaria à África mais capitalismo e globalização?

Pouco provável que tais perguntas tenham sido feitas. Franklin Martins não seria quem ele é, certo? Resta só saber se ele trouxe, nos bastidores, a resposta para a única pergunta que interessa ao chefe: como se faz para ficar no poder 37 anos seguidos?