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A trajetória de Fernando Gabeira é claramente de evolução. Foi guerrilheiro comunista, participou até do sequestro do embaixador americano que serviria como moeda de troca para libertar presos políticos, entre eles José Dirceu. Gabeira já fez mea culpa e reconheceu que lutou a luta errada.

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Agora continua dando sinais de evolução. Em entrevista para a revista Época, disse certas obviedades que a esquerda continua ignorando. Por exemplo:

O que me distingue dessa esquerda é que, para mim, os fins não justificam os meios. É preciso trabalhar dentro dos critérios democráticos. Também me incomoda que, uma vez no poder, eles se sentem os donos do Estado. O Estado brasileiro passou a ser uma extensão do PT. A política externa brasileira é do partido, e não nacional. Isso também me incomoda muito. O Brasil se apresenta ao mundo com as limitações mentais, ideológicas, do PT. Tenho vergonha de um presidente da República, como o Lula, que diz que a oposição no Irã parece uma torcida de futebol. Tenho vergonha de um presidente que diz que os presos políticos em Cuba são semelhantes aos presos comuns no Brasil. Ao se atrelar a alguns países da América do Sul, abandonando a possibilidade de relações com o resto do mundo, eles prestam um desserviço. Não que a integração regional não seja importante, mas o Brasil precisa se abrir também para outros centros, com uma capacidade tecnológica maior. Você não pode associar seu destino a esse grupo de países, como eles fizeram, por causas ideológicas.

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Não há dúvida de que o capitalismo predominou e o socialismo deixou de ser uma alternativa desejável. Isso não significa que algumas ideias de esquerda e de direita não continuem presentes no universo político. Certas ideias de que as pessoas são culpadas pela própria pobreza continuam existindo. Certas ideias de que as pessoas precisam ser protegidas na velhice, ter uma aposentadoria digna, também continuam aí. Hoje, não se fala mais tanto em capitalismo versus socialismo. Fala-se mais numa forma de modernizar e democratizar o capitalismo.

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Considero-me uma pessoa de esquerda. Não me importo muito com as críticas, vejo como algo normal na política. Pessoas que admiro muito, como o poe­ta Octavio Paz, também foram chamadas de reacionárias em vários contextos. Às vezes, também chamo o pessoal do PT de reacionário, porque, no meu entender, tudo o que detém o avanço é um gesto reacionário. Tudo depende do ponto de vista.

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Não acredito mais nisso. Não acredito em “novo homem”. Aliás, essa coisa de criar o “novo homem” serviu para muita repressão. Os homens que não cabiam nesse modelo costumavam ser fuzilados.

Se toda a esquerda brasileira fosse assim, como Gabeira, o país seria outro! Infelizmente, por aqui ainda pulula um tipo jurássico de esquerda, que sonha com o fracassado socialista, que encara a democracia como uma farsa para tomar o poder, que deseja forjar um “novo homem” ainda que na marra, que consegue admirar Cuba em pleno século 21!

Precisamos de mais gente como Gabeira falando em nome da esquerda brasileira. O diálogo democrático entre uma esquerda dessas, mais madura e moderna, e liberais e conservadores do outro lado, é o que falta para colocar o Brasil na rota do progresso. Enquanto o PT, o PSOL e o PSTU forem ícones da esquerda, o país estará condenado ao atraso.