O regime militar brasileiro é associado à direita no espectro político, pois combateu, afinal de contas, os comunistas de esquerda. Mas faz mesmo sentido colocar gente como o general Geisel na direita?
Geisel foi responsável pela criação de dezenas de estatais, e tinha uma postura totalmente intervencionista na economia. São bandeiras de esquerda. Não combinam com uma Thatcher, por exemplo, ícone da direita.
Não por acaso Geisel, no fundo, é até admirado por muitos esquerdistas. Nosso regime militar, à exceção dos primeiros anos sob Castello Branco, tiveram claro viés esquerdista, com base na crença positivista de Comte e uma profunda fé na capacidade estatal de liderar o progresso da nação.
Na coluna de Ancelmo Gois hoje no GLOBO, vemos que isso finalmente será tratado com maior profundidade em livros. Ao que tudo indica, Geisel tinha mesmo grande simpatia pelo pensamento de esquerda:
Roberto Campos estava certo quando disse: “O Brasil está tão distante do liberalismo – novo ou velho – como o planeta Terra da constelação da Ursa Maior!”
A verdade é que o liberalismo, associado à direita política, jamais nos deu o ar de sua graça. O regime militar não foi exceção. Fecho com Campos novamente: “O erro dos militares foi não terem feito a abertura econômica antes da política; o erro dos civis foi, depois da abertura política, praticarem uma fechadura econômica.”