Henrique Meirelles foi o último palestrante do painel sobre macroeconomia no evento do Ibmec, organizado com o Instituto Millenium e Instituto Liberal. Afirmou que a política de austeridade no começo do governo Lula funcionou, e foi o que permitiu um quadro favorável para a economia.”Austeridade funcionou e funciona a médio e longo prazo”, disse.
Intervenções e estímulos do governo, em momentos de crise, podem ser necessários para restabelecer o funcionamento dos mercados, mas é preciso saber a hora de retirar tais estímulos. Isso vale para o caso americano, e para o brasileiro também.
A grande questão aqui é que os estímulos fiscais e de crédito continuaram fortes. Não podemos confundir momentos de crise com cenário normal. Estamos praticamente em pleno emprego, e quase 70% das empresas reportam grande dificuldade de conseguir mão de obra. Educação, produtividade e logística são barreiras ao crescimento.
Os aumentos salariais acima da produtividade diminui a competitividade das nossas empresas. Isso gera aumento das importações, e produz um déficit nas contas externas. Há ainda os limites físicos de crescimento, i.e., problemas como o transporte.
Sem aumento da poupança não vamos conseguir crescer, e para aumentar poupança temos que expandir a poupança pública. Ou seja, é preciso reduzir gastos públicos. Não é possível depender somente da poupança externa. A história já mostrou que isso leva alguma hora a um acerto de contas.
Resumo: não há dúvidas de que devemos olhar à frente e concluir que o Brasil precisa de mais estabilidade de regras, aumento de competitividade, incentivos para que as empresas possam investir mais, senão vamos continuar com esse potencial de crescimento que estamos vivendo, perto de 2,5% apenas.