Os dados industriais recentes mostram um verdadeiro filme de terror. Em maio, a produção recuou 3,2% em relação a 2013. No setor de veículos em específico, a queda foi de 20%. No emprego, a queda é de 3,5% em relação ao ano passado. A crise no setor automotivo mostra o fracasso do protecionismo.
Enquanto o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Fiesp, fica martelando na tecla da taxa de juros, ignorando se tratar de um sintoma e não da causa dos problemas, o governo insiste em medidas pontuais de estímulo que não resolvem absolutamente nada. O gráfico abaixo, da produção industrial ano contra ano, conta uma história resumida do principal problema:
Como fica claro, a indústria nacional viveu uma fase de euforia em 2010, resultado de fortes estímulos estatais. Mas como nenhum problema estrutural foi atacado, para reduzir o famoso Custo Brasil, ela logo voltou a cair de forma acentuada. Nova rodada de estímulos fez com que houvesse uma recuperação ano passado, mas a produção já voltou a embicar na direção sul novamente.
Ou seja, vive com voos de galinha, de baixo alcance e sempre dependentes da ajuda estatal. O governo do PT, nos últimos 12 anos, não fez uma única reforma estrutural para reduzir o Custo Brasil e melhorar a produtividade da indústria. Nem a tributária, nem a trabalhista, nem a previdenciária. Tampouco investiu o suficiente ou de forma adequada em infraestrutura e educação, para qualificar melhor a mão de obra.
O resultado está aí: uma indústria em frangalhos, tendo que mendigar esmolas estatais o tempo todo, pedir proteção e subsídios (ainda mais?), tudo para evitar a livre concorrência, já que é pouco competitiva. E suas lideranças preferem pedir redução artificial da taxa de juros, o que o governo Dilma efetivamente fez, com os resultados terríveis que colhemos agora, com baixo crescimento e elevada inflação, i.e., estagflação.
As perspectivas são as piores possíveis. Bateu desânimo nos empresários, e com razão. O excesso de intervenção estatal desviou o foco das empresas, pois mais vale “investir” em lobby do que em produtividade. Ganha o “amigo do rei”. Além disso, tais intervenções pontuais geram insegurança, incerteza, ausência de confiança nas regras do jogo. Eis o reflexo na confiança do setor:
Está em queda livre! E não é por menos! O grande desafio para o próximo governo será reverter esse quadro. Para tanto, será necessário resgatar uma agenda de reformas estruturais. Não dá mais para contar com estímulos pontuais do governo, com subsídios e protecionismo.
Do lado dos empresários, seria importante que abandonassem o discurso fácil, que culpa a taxa de juros pelos males do setor. Ela é o sintoma que mostra a febre do doente, não a causa da doença. Os empresários precisam jogar a favor do país com uma visão de longo prazo, deixando o imediatismo de lado.
A indústria está de joelhos, e isso representa uma ameaça ao nível de emprego. Se a taxa de desemprego começar a subir muito, a inadimplência virá a reboque. E isso poderá ser mortal para a economia, que já patina sem sair do lugar. Afinal, a expansão do crédito nos últimos anos foi impressionante, e o desemprego maior levaria a um grave ciclo vicioso. Só reformas estruturais podem dar conta do problema.
Rodrigo Constantino
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