O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no Brasil, de março foi de 0,92%, maior avanço para o mês em onze anos e acima do resultado de fevereiro (0,69%). O dado foi divulgado na manhã desta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado fez o acumulado dos últimos doze meses alcançar 6,15%, bem próximo ao teto da meta do governo, de 6,5% e também maior do que o acumulado de 12 meses até fevereiro (5,68%). No primeiro trimestre, a inflação soma 2,18%.
A expectativa do mercado era de uma alta de 0,85% em março e 6,08% em 12 meses. Na prévia de março, divulgada pelo IBGE há duas semanas, o índice havia subido 0,73% e 5,90% em 12 meses.
Os analistas esperam que a tendência de alta continue nos próximos meses, fazendo o IPCA chegar muito próximo do teto da banda oficial na época das eleições. Isso, nunca é demais lembrar, com vários preços administrados pelo governo congelados, ou seja, um índice artificialmente reduzido, de forma insustentável.
A inflação alta será “o” tema nessas eleições. O governo, ciente do perigo, tem repetido que está tudo sob controle, tentando acalmar a população apenas com o gogó. Mas a cada ida ao supermercado, o eleitor sente no bolso uma realidade bem diferente.
As principais causas do problema são conhecidas pelos bons economistas: um Banco Central que foi negligente e leniente por tempo demais com a pressão inflacionária, recusando-se a aumentar a taxa de juros no momento adequado por adotar uma postura subserviente ao governo; gastos públicos crescentes; e expansão de crédito, principalmente pelos bancos estatais, acelerada demais e sem lastro na poupança doméstica.
Como fica claro, a impressão digital do governo está em todas as cenas do crime. Não se trata de choques externos, de condições climáticas, de ganância de empresários, nada disso. Foi uma política de governo que produziu tal resultado: um crescimento econômico medíocre, que sequer deve chegar a 2% este ano, e uma inflação resiliente e em patamar muito incômodo.
A oposição vai, com certeza, explorar esse tema na campanha eleitoral. Deve mostrar aos eleitores que tudo não passou de uma forma mascarada do governo de confiscar seus recursos (imposto inflacionário), e também de uma visão econômica profundamente equivocada da presidente Dilma e sua equipe. Quem paga o pato, claro, é o brasileiro que sofre no dia a dia com preços mais elevados.
Rodrigo Constantino