A Justiça negou o pedido da USP de reintegração de posse do prédio ocupado por alunos. O magistrado disse, na decisão, que há “ausência total de disposição política da Reitoria de iniciar um debate democrático com os estudantes, professores e servidores”, que querem maior participação no Conselho Universitário e mudanças na forma de escolha para os cargos de reitor e vice-reitor.
“Nesse contexto, para a concessão da liminar pretendida que, pelo clima de acirramento com a Reitoria, ensejaria uma desocupação involuntária, isto é, com o uso da forca policial contra estudantes universitários, é de se ponderar se os custos à imagem da própria USP e à integridade física dos estudantes da imediata reintegração na posse são maiores do que os relativos ao seu funcionamento parcial e ao seu patrimônio material (aqui, de concreto, há apenas notícia de danos na porta de entrada da administração central). Certamente, é muito mais prejudicial à imagem da USP, sendo a universidade mais importante da América Latina, a desocupação de estudantes de um de seus prédios com o uso da tropa de choque, sem contar possíveis danos à integridade física dos estudantes, ratificando, mais uma vez, a tradição marcadamente autoritária da sociedade brasileira e de suas instituições, que, não reconhecendo conflitos sociais e de interesses, ao invés de resolvê-los pelo debate democrático, lançam mão da repressão ou da desmoralização do interlocutor”, disse o juiz na decisão.
O que o juiz chama de “luta social” e de “democracia”? Não vou entrar no mérito em si das críticas à reitoria da USP. Mas desde quando vândalos encapuzados com marretas nas mãos representam algo minimamente parecido com democracia e luta social? Vejam a foto de Lucas Sampaio, da Folhapress:
É isso que o juiz está chamando de jovens em luta social pela democractização dispostos a diálogo? Sério mesmo?
Maio de 68 começou exatamente assim. Alguns jovens mais baderneiros, encantados com utopias revolucionárias, resolveram tomar no grito e à força as universidades. Falavam em nome da “democratização” também, o que, na prática, significa usurpar o poder da hierarquia tradicional. Como seria uma eleição democrática por critérios de aprovação com todos os alunos e os poucos professores votando?
Ao decidirem não enfrentar os jovens “românticos” e não aplicarem as leis, os reitores e autoridades da década de 1960 alimentaram um monstrinho mimado. Hoje, vemos um repeteco farsesco daqueles anos. Diretórios esquerdistas e jovens que preferem bravatas e violência ao estudo sério resolvem clamar por “democracia” nas universidades, ou seja, pela inversão da ordem hierárquica.
Invadem, quebram, expulsam e determinam, pela lei da força, que a reitoria agora lhes pertence. E nossa “Justiça” resolve que estão em seus plenos direitos de “protestar”, colocando a culpa na reitoria que não quer “dialogar” democraticamente com os vândalos!
Dá até preguiça acompanhar tais acontecimentos, pois já sabemos aonde vão dar. Se tinha uma coisa certa que Marx disse, então era essa: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.